
São as primeiras negociações entre a Ucrânia e a Rússia em mais de três anos e representam um sinal de progresso entre os dois lados da guerra. O encontro deverá acontecer por volta das 10:30, hora de Portugal continental, no Palácio Dolmabahçe, em Istambul, sob mediação turca.
A informação foi avançada pela France-Presse que cita fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O encontro entre as duas delegações deveria ter acontecido na terça-feira, mas foi adiado mais do que uma vez. Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky não vão estar presentes.
Por volta das 9:00 da manhã, representantes da Ucrânia, Turquia e dos Estados Unidos reuniram-se em Istambul para negociações sobre o conflito no território ucraniano, disseram à agência France-Presse fontes oficiais turcas.
Antes, altos responsáveis ucranianos já se reuniram esta sexta-feira de manhã em Istambul com representantes europeus e norte-americanos, disse à France-Presse uma fonte da delegação de Kiev.
De acordo com a mesma fonte, a reunião ocorreu antes das conversações previstas com a Rússia, das quais os representantes europeus estão excluídos.
Este primeiro encontro - que já terminou - reuniu o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Andriy Sybiga, e o chefe da administração presidencial ucraniana, Andriy Iermak, com os conselheiros de segurança franceses, alemães e britânicos e o enviado dos Estados Unidos, Keith Kellogg.
Trump diz que paz depende de encontro com Putin
O presidente norte-americano, tem estado a instalar as duas partes a chegarem a um acordo. Donald Trump acredita que a reunião entre Putin e Zelensky vai mesmo acontecer, mas foi categórico. Garante que só haverá progressos nas negociações de paz quando ele próprio se encontrar com Vladimir Putin.
“Oiçam, nada vai acontecer até eu me reunir com o Putin, certo? E, obviamente, ele não iria… ele ia, mas achou que eu ia. Ele não iria se eu não estivesse lá e acho que nada vai acontecer com os outros ou não até que ele e eu nos reunamos, mas vamos ter de resolver” porque estão a morrer demasiadas pessoas”, disse Trump.
Desde o início da invasão, o Kremlin tem mantido as suas exigências: que a Ucrânia renuncie à adesão à NATO, que ceda quatro das regiões parcialmente controladas pela Rússia, além da Crimeia que foi anexada em 2014 e que acabe com o fornecimento de armas ocidentais. A Ucrânia diz que estas exigências são inaceitáveis e pede há vários meses “garantias de segurança” sólidas.
Quem vai estar presente?
O presidente da Ucrânia desafiou Putin para um frente a frente em Istambul, uma sugestão que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, considerou "patética". Antes do encontro com o homólogo turco, Zelensky admitiu que uma ausência também significa uma resposta.
A proposta foi oficialmente rejeitada pelo Kremlin na quinta-feira. Apesar da ausência, o Presidente da Rússia reuniu-se com oficiais de topo para discutir as negociações de paz.
Moscovo vai enviar à Turquia o assessor de Putin, Vladimir Medinsky, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Mikhail Galuzin, o vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, e Igor Kostyukov, chefe da agência de inteligência militar da Rússia. Uma comitiva de segunda, descreveu Zelensky que classificou como meramente "decorativa" e acusou o Kremlin de desvalorizar as negociações de paz.
"O nível da delegação russa não é conhecido oficialmente, mas, pelo que vemos, para ser mais a nível decorativo. Vamos pensar no que faremos a seguir, quais serão os nossos próximos passos depois das conversações com o Presidente Erdogan. Penso que teremos algumas horas para conversações importantes, para decisões muito importantes", disse Zelensky à chegada a Ancara.
Volodymyr Zelensky acusa a Rússia de desrespeitar o presidente turco e Donald Trump. O presidente ucraniano critica a delegação russa por não enviar os mais altos funcionáriuos do país para as negociações de paz.
"Penso que os Estados Unidos da América e a Turquia se sentem desrespeitados pela Rússia. É essa a minha opinião. Não há tempo para uma reunião, não há agenda, não há uma delegação de alto nível. É um desrespeito pessoal. Não estou a falar do desrespeito dos russos por nós, que é óbvio. Mas é um desrespeito mútuo entre nós. Mas eles estão agora aqui, por isso é um desrespeito para com Erdogan, um desrespeito para com Trump".
Quem também marcará presença é o secretário de Estado norte-americano, que já está em Istambul. Marco Rubio não vai participar nas conversações entre Moscovo e Kiev, mas espera-se que a delegação norte-americana realize reuniões separadas com ucranianos e turcos, por um lado, e também com os russos, de acordo com fontes turcas.
- Com Lusa