O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou, esta segunda-feira, como "ridícula" a decisão anunciada na véspera da criação de um novo partido político pelo multimilionário Elon Musk, seu antigo aliado.

"Acho que é ridículo lançar um terceiro partido. Estamos a ter um sucesso tremendo com o Partido Republicano", disse Trump, antes de embarcar no seu avião em Nova Jérsia para regressar a Washington.

O multimilionário Elon Musk, antigo aliado do Presidente norte-americano, com quem se desentendeu recentemente, anunciou no sábado, a criação da sua formação política, o "Partido América".

"Os democratas perderam o rumo, mas sempre foi um sistema bipartidário", acrescentou o Presidente norte-americano.
"Acho que lançar um terceiro partido só aumenta a confusão. Parece que foi realmente desenvolvido, mas os terceiros partidos nunca funcionaram", considerou.
"Portanto, ele pode divertir-se o quanto quiser com isto, mas acho que é ridículo", concluiu Trump.
"Insano e destrutivo": Musk volta a atacar política de Trump

A formação de novos partidos políticos não é incomum nos EUA, mas normalmente lutam para obter apoio significativo dos partidos Republicano e Democrata.

Mas, Musk, que gastou 270 milhões de dólares (229,2 milhões de euros) na campanha de Trump para a eleição de 2024, poderá causar impacto nas eleições intercalares de 2026, determinando o controlo do Congresso, se estiver disposto a gastar verbas significativas.

O homem mais rico do planeta, presença assídua na Sala Oval, após a eleição do republicano, liderou o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), que tinha como objetivo reduzir drasticamente a despesa federal.

O empresário deixou o DOGE em maio, para reassumir o controlo das suas empresas, nomeadamente a Tesla, especializada em veículos elétricos, cuja imagem e vendas sofreram em todo o mundo devido a esta colaboração, mas pouco depois, teve uma discussão dura e pública com Trump por causa do projeto de lei orçamental.

"Criado para vos devolver a liberdade"

"Hoje, o Partido América foi criado para vos devolver a liberdade", escreveu Musk, no sábado, na sua rede social X (antigo Twitter).

Na sequência da aprovação do projeto de lei orçamental, que acusa de aumentar a dívida pública, Musk lançou uma sondagem sobre a criação da nova formação política na sua rede social na sexta-feira e 65% dos cerca de 1,2 milhões inquiridos responderam "sim" à pergunta se queriam que o "Partido América" visse a luz do dia.

"Quando se trata de arruinar o nosso país através do desperdício e da corrupção, vivemos num sistema de partido único, não numa democracia", continuou Musk.

O multimilionário passou a manhã desta segunda-feira no X a receber 'feedback' dos utilizadores sobre o partido e indicou que o partido participará nas eleições intercalares de 2026.

No mês passado, Musk ameaçou tentar destituir todos os membros do Congresso que votaram o projeto de lei de Trump e classificou o pacote de isenções fiscais e cortes de despesa como uma "abominação repugnante", alertando que isso aumentaria o défice federal, entre outras críticas.

As suas críticas ao projeto de lei e a sua iniciativa de formar um partido político marcam uma inversão em relação a maio, quando o seu mandato na Casa Branca estava a chegar ao fim e o responsável da empresa de foguetões SpaceX e da fabricante de veículos elétricos Tesla disse que iria gastar "muito menos" em política no futuro.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, que entrou em conflito com Musk enquanto dirigia o DOGE, disse no programa "State of the Union" da CNN, que os "princípios" do departamento eram populares, mas "se olharmos para as sondagens, Elon não era".

"Imagino que o conselho de administração não tenha gostado do anúncio de ontem [sábado] e irá encorajá-lo a concentrar-se nas suas atividades comerciais, e não nas suas atividades políticas", disse.

Natural da África do Sul, Elon Musk não poderá concorrer em futuras eleições presidenciais, uma vez que os candidatos têm de ter nascido nos Estados Unidos.