
O secretário do Comércio dos Estados Unidos afirmou que as chamadas "tarifas recíprocas" às importações vindas de todo o mundo, que tinham sido suspensas até 9 de julho, entrarão em vigor a 1 de agosto.
A falar aos jornalistas ao lado de Donald Trump, no domingo, Howard Lutnick confirmou a nova data limite, antes de acrescentar: "Mas o Presidente [norte-americano] está a definir as taxas e os acordos neste momento".
"Acredito que teremos a maioria dos países a 9 de julho, seja uma carta ou um acordo", disse Trump.
Horas antes, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse à emissora norte-americana CNN que as tarifas regressarão aos níveis de 2 de abril se os países ou blocos não tiverem acordos finalizados até 1 de agosto.
"Pressão máxima" para 100 países
Na sexta-feira, Donald Trump disse que o Governo dos EUA iria enviar cartas, "provavelmente a 12" países, com os quais não chegou a um acordo comercial, para notificá-los das tarifas que pretende impor.
Mas no domingo Scott Bessent falou de 100 países: "Quando enviarmos as 100 cartas, definiremos as suas tarifas, pelo que teremos 100 [acordos] assinados nos próximos dias".
O secretário do Tesouro acrescentou que a estratégia era "aplicar a pressão máxima" para obter acordos.
"O valor das taxas varia entre 60% a 70% e 10% a 20%", disse na sexta-feira Donald Trump sobre as taxas que irá propor nessas cartas, que serão mais elevadas, em alguns casos, do que as que anunciou a 2 de abril, que apelidou de "Dia da Libertação".
O Presidente recusou-se a especificar quais os países ou regiões que irão receber cartas esta segunda-feira.
No início de junho, Trump abriu a porta à extensão do prazo para novos acordos comerciais e disse que a Administração enviaria cartas com acordos elaborados pelos Estados Unidos, que os países poderiam aceitar ou rejeitar.
"Podemos fazer o que quisermos. Podemos prolongá-lo [o prazo de 09 de julho], podemos encurtá-lo. Gostaria de o encurtar. Eu gostaria de o encurtar. Gostaria de enviar cartas a toda a gente: "Parabéns! Vão pagar 25%", disse.
Washington chegou a acordos comerciais com o Reino Unido, a China e o Vietname, enquanto continua a negociar com mais de uma dúzia de parceiros, incluindo a União Europeia e o Japão.
Entretanto, um tribunal federal decidiu em maio que Trump não tem autoridade para aplicar "de forma ilimitada" a lei histórica que está na base das "tarifas recíprocas", mas um tribunal de recurso permitiu-lhe, em junho, impô-las enquanto o caso está a ser decidido.
Trump ameaça países que alinharem com BRICS com taxa adicional
O Presidente dos Estados Unidos ameaçou ainda impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhe com as políticas do bloco BRICS, que descreveu como sendo contra Washington.
"Qualquer país que se alinhe com as políticas anti-americanas do BRICS terá de pagar uma tarifa ADICIONAL de 10%", escreveu Trump, no domingo à noite, numa publicação na sua rede social, Truth Social.
"Não haverá exceções a esta política", acrescentou o chefe de Estado norte-americano, levantando novas incertezas ao desfecho das negociações entre os EUA e respetivos parceiros comerciais.
Os líderes dos países que compõem o bloco BRICS, reunidos no Rio de Janeiro, rejeitaram no domingo as medidas de protecionismo comercial, mas não se referiram expressamente aos Estados Unidos, ainda que as políticas de Donald Trump estejam presentes nas entrelinhas da declaração final do primeiro dia do encontro.