As conclusões são da última investigação do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (Labpabs), a que a Lusa teve acesso, e que vai ser apresentada dia 14, a qual indica que os profissionais das gerações mais jovens são os que referem "menos envolvimento" com as empresas.

"Nitidamente a 'babyboom' é a melhor [em termos de riscos para um ambiente de trabalho saudável], ou seja, aqueles que estão quase a reformar-se, os filhos também já estão criados", disse à Lusa Tânia Gaspar, coordenadora do estudo e fundadora do Labpats.

Entre as outras gerações, disse haver "coisas boas e más" em cada uma delas: "No caso dos mais novos, é mesmo esta coisa do 'engagement'. Este envolvimento, sentimento de pertença, que o trabalho dá significado à sua vida, não têm".

Afirmou que esta característica acaba por proteger estes profissionais a nível da saúde mental, pois o envolvimento está muito relacionado com o 'burnout': "Estudei a relação entre o 'engagement' e o 'burnout' e há uma correlação, ou seja, há um grupo de pessoas que têm grande 'engagement' , mas grande 'burnout', porque acabam por se envolver demais, não têm limites".

"A perceção destas pessoas é que dão muito mais à empresa do que recebem", explicou, acrescentando: "Como os miúdos também têm menos expectativa naquilo que dão, dão menos valor àquilo, e, se não correr bem, isso não tem um peso tão grande na sua vida".

Já as gerações do meio -- millenium e X (a partir dos 45 anos) - , já estão há algum tempo a trabalhar e com casa e filhos "ficam mais afetadas na sua saúde mental" e, no caso da X, são os pais daquela que está a começar a trabalhar".

"Além de se preocuparem consigo, têm de se preocupar com os filhos, porque hoje em dia a vida não é fácil, por exemplo, é ver o preço das casas, e também têm de se preocupar em muitos casos já com os pais, que estão a ficar idosos. São só mais sobrecarregados", explicou.

Dos estudos que fez, a geração millenium é "a que está mais saudável", pois "já não teve de levar com os pais que passaram por uma ditadura " e têm pais que se dedicam muito a eles e têm "alguma dificuldade em impor regras".

"Se formos a ver, num casal, é aquela geração que tem mais igualdade, por exemplo, a tratar dos filhos, (...) na questão das mulheres começarem progressivamente cada vez mais a trabalhar em posições de destaque", disse, em contraponto com a geração mais nova, "teve a pandemia, as crises económicas e a incerteza muito grande e com esta questão do populismo".

E, insistiu, "ainda não têm espessura histórica e acabam por ir nas conversas menos tolerantes e isso é muito preocupante".

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