
"A situação está muito difícil neste momento", descreveu à agência Lusa o vice-presidente da Associação dos Pescadores de Tarrafal de Monte Trigo, José Delgado da Luz, indicando que os moradores têm tentado conter a força das ondas com umas chapas, mas mesmo assim têm sido insuficientes para evitar que a água chegue às habitações.
Até agora, José da Luz disse que não houve necessidade de ninguém abandonar as suas casas, mas têm usado os pisos superiores e os terraços para acompanhar o espetáculo provocado pelas ondas do mar e depois vão retirando a água de dentro das suas casas.
"Têm sido momentos complicados, temos passados grandes sustos aqui", disse o pescador.
Quanto aos cerca de 100 pescadores da localidade, o vice-presidente da associação disse que estão todos sentados em terra há pelo menos duas semanas a ver o mar agitado, com ondas de até quatro metros de altura.
"É algo difícil", lamentou o pescador, dizendo que graças a algumas economias guardadas pode ir ultrapassando esta situação, mas admitiu que alguns colegas poderão estar a passar por dificuldades nesta localidade na costa ocidental da ilha mais a norte de Cabo Verde, que vive essencialmente da pesca, agricultura, turismo e algum comércio e retalho.
O vice-presidente da Associação dos Pescadores disse que a solução para o problema é a construção de um muro de proteção, algo que já foi prometido pelas autoridades locais e centrais, mas ainda não concretizado.
"Agora estamos à espera", disse José Delgado da Luz, dando conta que na quarta-feira o vereador da Câmara Municipal do Porto Novo Valter Silva esteve no local a tirar fotos e disse esperar que este passe a palavra ao presidente da Câmara, Aníbal Fonseca, e este ao Governo.
O porta-voz da Associação dos Pescadores disse que os moradores vão aproveitar para falar com as autoridades no domingo, por ocasião da cerimónia da inauguração dos 12 quilómetros de estrada que liga Chã de Escudela a Tarrafal de Monte Trigo.
O ato vai contar com a presença do primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva. "Temos de ir falar com eles para ver a situação desta zona de praia e dos pescadores", referiu.
Em declarações à Rádio Morabeza, citadas pelo Expresso das Ilhas, o ministro da Economia Marítima, Paulo Veiga, disse que o Governo já está a par da situação, lembrando que este fenómeno acontece em vários pontos do país, cujas localidades ficam praticamente nas praias de mar.
O ministro anunciou a realização de um estudo para determinar se o problema se resolve com a construção de um muro de proteção ou com o recuo das comunidades, para as manter a uma distância segura do mar.
Paulo Veiga sublinhou que o projeto vai ser a nível nacional, esperando contar com ajuda internacional, nomeadamente das Nações Unidas e do Banco Mundial.
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