O governo de Israel anunciou hoje o lançamento de "extensas" novas operações na faixa de Gaza, de acordo com a agência de notícias norte-americana Associated Press, um dia depois do início de uma nova ofensiva no território palestiniano de mais de dois milhões de pessoas.

O comunicado das forças armadas de Israel surge para pressionar o Hamas a concordar com os termos do acordo de cessar-fogo proposto por Israel.

No texto, os líderes militares israelitas dizem que o exército matou dezenas de “combatentes palestinianos” e atingiu mais de 670 alvos em ataques preliminares durante a semana passada.

Por seu lado, os funcionários de instalações médicas de Gaza falam em mais de 300 mortos de civis.

Esta madrugada, segundo a AP, foram mortas pelo menos 103 pessoas, entre as quais dezenas de crianças - o que forçou ao fecho do principal hospital do norte de Gaza. A nova ofensiva denomina-se "Gideon’s Chariots" [Os carros de Gideão] e visa a tomada por Israel de território, a deslocação de centenas de milhares de palestinianos para o sul e um maior - senão total - controlo sobre a distribuição de ajuda humanitária.

Nos últimos dias, Israel lançou ataques generalizados em Gaza e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu uma nova escalada para prosseguir o seu objetivo de destruir o Hamas, no enclave, num momento em que existe um bloqueio total de Israel à ajuda humanitária no território palestiniano..

Os líderes árabes, reunidos na 34.ª cimeira anual em Bagdade (Iraque), declararam este sábado que procuram alcançar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, prometendo contribuir para a reconstrução do território assim que a guerra terminar.

Entretanto, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, transmitiu também no sábado ao seu homólogo palestiniano que Espanha fará “tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim à barbárie” na Faixa de Gaza.

À chegada à Liga Árabe, em Bagdad, Pedro Sánchez disse que impulsionará uma proposta, a apresentar às Nações Unidas, para que o Tribunal Internacional de Justiça se pronuncie sobre o cumprimento por parte de Israel das suas obrigações em relação ao acesso à ajuda humanitária em Gaza.

As autoridades de Gaza elevaram no sábado para mais de 53 mil o número de mortos resultante da ofensiva militar israelita contra o enclave, desde o seu início, após os ataques levados a cabo a 7 de Outubro de 2023 pelo Hamas e outros grupos palestinianos, que causaram cerca de 1200 mortos e perto de 250 raptados, segundo o balanço oficial fornecido pelas autoridades israelitas.

Netanyahu diz estar aberto a acordo

O primeiro-ministro israelita indicou este domingo estar aberto a um acordo com o Hamas que inclua o “fim dos combates” em Gaza, afirmando que a sua equipa de negociadores no Catar "está a trabalhar para esgotar todas as possibilidades de um acordo", cita o jornal "The Guardian". Para Benjamin Netanyahu, o acordo deve incluir "a libertação de todos os reféns, o exílio dos terroristas do Hamas e o desarmamento da Faixa de Gaza".

Também este domingo, segundo a agência Lusa, o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza anunciou que "todos os hospitais públicos" no norte deste território estão fora de serviço, na sequência o exército israelita ter invadido a última unidade em funcionamento.

"A ocupação israelita intensificou o seu cerco, com pesada artilharia em torno do hospital indonésio e seus arredores, impedindo a chegada de pacientes, pessoal médico e materiais médicos, forçando o hospital a fechar", disse, em comunicado, aquele organismo, afirmando que na última semana 464 palestinianos foram mortos em ataques militares israelitas, tendo ficado feridas 1.418 pessoas entre 11 e 17 de maio.

Por sua parte, o Programa Alimentar Mundial alertou, este domingo, para a “corrida contra o tempo para evitar a fome "causada pelo bloqueio israelita em Gaza. Desde março que Israel impôs um bloqueio humanitário ao território, impedindo qualquer fornecimento alimentar, de medicamentos, abrigos e combustível.

Apesar disso, o governo de Netanyahu nega que exista falta de alimentos em Gaza, acusando o Hamas de saquear a ajuda, e justifica o bloqueio como forma de pressionar o Hamas a fim de garantir o regresso dos restantes reféns.