"Nós dependemos da África do Sul [para a importação de bens alimentares], podemos parar de importar e a consequência disso é que podemos ter falta de produtos no país", com subida de preços, disse à Lusa o presidente da Mukhero, Sudekar Novela.

Novela declarou que os ataques a viaturas com matrícula moçambicana estão a criar uma atmosfera de medo, tornando provável um cenário de retração do comércio com a África do Sul.

"Pode tornar num medo que não nos permita deslocar à África do Sul", enfatizou.

Sudekar assinalou que as rotas usadas pelos pequenos importadores no comércio com a África do Sul passam por uma província diferente daquela onde houve violência (KwaZulu-Natal), mas alertou para a perceção do risco e para o receio de alastramento das ações armadas, caso a violência não seja contida.

Os importadores usam principalmente a fronteira de Ressano Garcia, enquanto os ataques aconteceram a mais de 300 quilómetros e visaram veículos que têm atravessado a fronteira da Ponta de Ouro, explicou Novela.

O presidente da Mukhero apelou ao Governo moçambicano para encontrar junto da África do Sul "uma resolução para a violência" que se regista naquela zona da província.

A Mukhero é constituída por cerca de dois mil membros que garantem o abastecimento em produtos alimentares às cidades moçambicanas, vendendo nos principais mercados e lojas do país.

Na última semana, os transportadores rodoviários moçambicanos também relataram "medo" e "grande choque", ponderando usar rotas diferentes para chegar a Durban, cidade sul-africana, evitando "a zona de risco".

Na terça-feira, o comissário nacional da Polícia da África do Sul (SAPS, na sigla em inglês), Fannie Masemola, visitou a região norte da província do KwaZulu-Natal, junto à fronteira com Moçambique, para avaliar a resposta policial aos crimes transfronteiriços, anunciou aquela força.

"A visita do comissário segue-se ao recente incidente em que pelo menos seis veículos, incluindo um autocarro de turistas e um camião, foram queimados na estrada R22, entre Hluhluwe e Mbazwane", alegadamente em retaliação contra roubos de viaturas na zona atribuídos a moçambicanos.

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