"É uma pena que o conselho de ministros tenha tomado essa decisão sem conhecer, de facto, os argumentos que levaram o governo regional a tomar a posição que tomou", disse José Cassandra, em declarações à radio regional do Príncipe.

"Nós estamos a viver uma crise onde os nossos técnicos de saúde não têm equipamentos, não têm materiais para poderem atender aos possíveis suspeitos da doença. Nós estamos numa situação em que não temos testes para fazer aos potenciais suspeitos, não temos as mínimas condições hospitalares para responder a essa crise sanitária", acrescentou José Cassandra.

O presidente do governo regional sublinhou que o seu executivo está a "levar muito a sério" a situação de saúde pelo que pediu a suspensão das ligações aéreas e marítimas entre as duas ilhas.

"Se há pessoas que querem brincar com isso, nós estamos a levar isso muito a sério e pensamos que tudo deverá ser feito numa perspetiva de, atendendo as nossas difíceis condições sanitárias, nos protegermos", disse.

O governante sublinhou que se tratou de "uma decisão que foi amplamente discutida com todas as forças vivas da região", que incluiu auscultação as forças politicas, organização não governamentais, confissões religiosas e classes empresariais.

"Infelizmente o governo central tomou uma medida que nos deixa muito preocupados", referiu José Cassandra sublinhando que "nós fizemos e vamos continuar a fazer a nossa parte".

O presidente do governo regional apelou a toda a população para tomar "todas as precauções no sentido de evitar que este vírus entre no Príncipe".

António José Cassandra disse ainda que "a população está apreensiva" e o seu governo "está muito preocupado" com a decisão do governo central.

Até ao momento, São Tomé e Príncipe não tem nenhum caso suspeito de coronavírus mas muitos analistas apontam a falta de meios de prevenção e a ausência de resposta do sistema de saúde como elementos para acentuar o risco.

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