
A região autónoma do Príncipe registou, nas últimas 24 horas, uma subida de cinco para 18 casos, impondo medidas para conter a propagação.
"Num primeiro momento, em sete amostras efetuadas, cinco deram positivas e num segundo memento, em 17 outras amostras, 13 acusaram positivos, o que nos leva a considerar que estamos perante uma taxa de incidência de 80%, prevendo-se tratar de uma transmissão comunitária", disse o presidente do Governo Regional do Príncipe, Filipe Nascimento, numa comunicação à região.
Por causa deste aumento, o executivo regional anunciou hoje um conjunto de medidas, que incluem a suspensão das consultas no único hospital na ilha, Manuel Quaresma Dias da Graça, "exceto os atendimentos de caráter urgente".
A suspensão das consultas prende-se, segundo Filipe Nascimento, com o facto de "algumas pessoas testadas positivas estarem internadas no hospital, que neste momento representa um foco de contaminação".
O governo regional transferiu os cuidados primários não urgentes para alguns postos de saúde da cidade de Santo António.
Entre a "resposta rápida para o estancamento da propagação do vírus", o governo regional, que se reuniu com caráter de urgência, decidiu cancelar todas as atividades alusivas ao dia 17 de janeiro, dia do achamento da ilha do Príncipe, incluindo o ato central.
Foram igualmente suspensas as aulas em todos os ciclos de ensino, "desde a pré-escolar até à 10.ª classe" e limitada as viagens entre Príncipe/São Tomé/Príncipe apenas os portadores de teste à covid-19 negativo, redobrando as medidas de protocolo sanitário no aeroporto.
O executivo de Filipe Nascimento reduziu o número de trabalhadores dos serviços públicos para metade, "exceto os serviços essenciais, designadamente a saúde, segurança e serviços municipais" e reduziu também para metade a lotação do mercado de Santo António, capital da ilha.
Esse mercado, por orientação do governo, vai passar a funcionar em regime de alternância.
Ainda no quadro das medidas para estancar a propagação da infeção pelo novo coronavírus, os estabelecimentos, bares e restaurantes passarão a ter um novo horário de funcionamento, entre as 05:00 e as 17:00.
Na sua comunicação de hoje, o presidente do Governo regional anunciou que o seu executivo está a "criar condições", conjuntamente com o Governo central, para realização de uma "busca ativa e integrada" da covid-19 na região, com vista a "uma maior clarificação da atual situação epidemiológica".
O decretamento de estado de emergência parcial na Região Autónoma do Príncipe está ser considerado, "de modo a suportar outras medidas que se justificam com a atual situação epidemiológica", designadamente o confinamento obrigatório e outras que põem em causa as liberdades individuais dos cidadãos.
O Governo regional solicitou o reforço do pessoal da saúde para fazer face à ausência deixada pelos quatro pacientes do setor da saúde infetados com SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19.
O executivo regional está a criar condições para o isolamento voluntário dos idosos em locais especializados, por se tratar de "uma camada vulnerável" e apela à "maior colaboração possível da população", no distanciamento, uso obrigatório das máscaras e para que "mantenham as crianças em casa".
Estas medidas vão vigorar durante 15 dias, ou seja, entre os dias 13 e 27 de janeiro.
A região do Príncipe anunciou no passado domingo ter detetado novos casos de infeção pelo novo coronavírus, após sete meses sem qualquer registo na ilha, o que levou desde logo o executivo a anunciar algumas medidas de contenção.
Em São Tomé e Príncipe, dados do Ministério da Saúde apontam para 1.090 pessoas com infeção de covid-19, sendo 24 casos registados esta terça-feira.
MYB // JH
Lusa/fim