"Parece-nos evidente que o mutualismo enquanto modelo económico e social complementar dos sistemas públicos de providência social e de proteção social pode contribuir imensamente para combater a pobreza em São Tomé e Príncipe e para a materialização dos objetivos de desenvolvimento sustentável", disse Adlander Matos, que falava na conferência sobre a proteção social e mutualismo promovida hoje em São Tomé pela União das Mutualidades Portuguesas (UMP).

Segundo o governante, São Tomé e Príncipe está na fase final de implementação da sua política nacional de proteção social aprovada em 2015, visando "prevenir, reduzir e eliminar as vulnerabilidades económicas e sociais, resultantes da pobreza" e "contribuir para reduzir e eliminar a pobreza e as privações de 66% da população pobre e 47% da pobreza extrema em São Tomé e Príncipe".

"As políticas de proteção social são elementos extremamente cruciais de estratégia nacional de desenvolvimento para reduzir a pobreza e a vulnerabilidade ao longo do ciclo da vida e para apoiar o crescimento inclusivo e sustentável, bem como para incrementar os rendimentos das pessoas", defendeu o ministro do Trabalho.

O presidente da União das Mutualidades Portuguesas, Luís Alberto Silva, revelou a "aposta estratégica" da organização em representação da Europa para o "aprofundamento da cooperação com os países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]", indicando que já iniciou um processo de cooperação com as associações mutualistas angolanas, com a Guiné-Bissau, Moçambique e Cabo Verde.

"Sentimos a responsabilidade de partilhar a nossa experiência, de mostrar o que o mutualismo pode fazer no combate à pobreza, pelo desenvolvimento e bem-estar das comunidades e das pessoas", disse Luís Alberto Silva.

O presidente da UMP disse ter encontrado no primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, "um interlocutor disponível e interessado, um homem seriamente comprometido com o futuro do seu povo e do seu país, que encara a cooperação como um terreno fértil para novas oportunidades", facto que levou a organização a atribuir ao chefe do Governo são-tomense o 'prémio mutualismo e solidariedade' em 2020.

"A União das Mutualidades Portuguesas está disponível para cooperar com o Estado são-tomense na construção do edifício legislativo que enquadre a atividade das associações mutualistas [...] acredita no sucesso deste modelo em São Tomé e Príncipe e propõe-se cooperar com outras associações portuguesas e parceiros locais, no desenvolvimento de um projeto socioeconómico de raiz mutualista no território, potenciando recursos endógenos, e gerando impacto social relevante, através da criação de emprego e de equipamentos e respostas para a inclusão", assegurou o presidente da UMP.

Luís Alberto da Silva disse que "as associações mutualistas disponibilizam aos seus associados e famílias diferentes modalidades de benefícios complementares de segurança social, desde pensões de reforma a apoio no desemprego ou numa infelicidade, assistência na saúde, entre outros", assegurando benefícios aos associados sob forma de "equipamentos e respostas sociais para a infância, terceira idade, famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade, clínicas, hospitais e farmácias sociais".

Para o ministro do Trabalho são-tomense, "não restam dúvidas que a complementaridade de tais modalidades com a ação do Estado será fundamental para o combate à pobreza extrema no país cumprindo-se os princípios universais da solidariedade, reciprocidade, cooperação e da cidadania ativa em São Tomé e Príncipe".

O presidente da UMP precisou que no caso de Portugal, "a prática mutualista tem 846 anos" e o movimento mutualista "envolve mais de uma centena de associações que representam 1 milhão de associados e concedem benefícios a mais de 2 milhões e meio de portugueses" e "geram 388 milhões de euros de valor acrescentado bruto na economia e empregam mais de 5 mil trabalhadores".

 

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