
Condenando o ataque perpetrado na terça-feira contra o Palácio do Governo em Bissau, enquanto decorria a reunião do Conselho de Ministros, com a presença do chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, o ativista salientou que a CEDEAO tem de mudar a sua estratégia de intervenção.
"A CEDEAO deve de facto fazer uma reflexão profunda sobre o que está a acontecer. Ver como mudar a estratégia de intervenção, da sua relação com a população, e chamar todos os atores para analisar o que está a acontecer neste momento", afirmou Gueri Gomes.
O responsável recordou que num comunicado divulgado na semana passada, o Fórum da Sociedade Civil já tinha chamado a atenção para a necessidade de respeito das diretrizes da organização, nomeadamente as relacionadas com a questão da democracia, respeito pelas leis e direitos humanos, da boa governação, incluindo o trabalho do poder político para o bem da população.
"Também chamamos a atenção da CEDEAO para ver como deve fazer chegar a voz da população junto da organização. Estes indicadores podem de facto ajudar para mudar alguma coisa", disse.
O ativista salientou também que a organização está a perder os ganhos registados em termos de democracia com os sucessivos golpes que têm ocorrido em países-membros.
"É preocupante e todos os indicadores dão conta de que isso vai continuar. Enquanto não houver uma reflexão profunda, uma nova estratégia da CEDEAO, que vá, sobretudo, ao encontro dos interesses da população", salientou Gueri Gomes.
Depois dos golpes de Estado registados no Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso, a Guiné-Bissau registou na terça-feira um ataque perpetrado contra o Palácio do Governo, que fez pelo menos seis vítimas mortais e vários feridos.
A tentativa de golpe de Estado já foi condenada pela União Africana, pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), através da presidência angolana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por Portugal e vários outros países.
Em declarações aos jornalistas, no Palácio da Presidência, o Presidente guineense afirmou ter-se tratado de um "ato bem preparado e organizado" que poderá também estar ligado com "gente relacionada com o tráfico de droga".
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