Esta manhã, depois de terem sido reestabelecidas as comunicações telefónicas, as forças de segurança tentaram dispersar novamente dezenas de manifestantes, barricados na periferia norte da capital sudanesa.

Na quarta-feira e na mesma zona, pelo menos 11 pessoas foram mortas a tiro pelas forças de segurança, que visaram "a cabeça, o pescoço ou o peito", de acordo com o Comité de Médicos, da oposição, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O Comité de Médicos, que desde a revolução que derrubou o ditador Omar al-Bashir, em 2019, presta assistência aos manifestantes e é a única fonte que procede à contabilização regular de mortos resultantes da repressão das forças armadas.

"Existe ainda um grande número de feridos nos hospitais de Cartum e nas vias de acesso com dificuldades de transporte", acrescentou o Comité.

Ao todo, desde o golpe, 39 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas, acrescentou a AFP.

A vice-secretária de Estado norte-americana para os Assuntos Africanos, Molly Phee, condenou já "a violência contra manifestantes pacíficos".

Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações, como a ONU, têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente.

A comunidade internacional exige também a libertação de todos os líderes civis e militares detidos após o golpe, incluindo membros do Conselho de Ministros deposto, a restauração de um governo civil e de Abdullah Hamdok como primeiro-ministro.

O conselho, presidido pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, realizou a primeira reunião no domingo, e declarou que seria formado um governo civil nos próximos dias.

Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou o estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.

EJ (EL) // SB

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