
Alegando que lhe restam apenas alguns meses de vida, Mladic, com mais de 80 anos, foi definitivamente condenado em 2021 pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, nomeadamente pelo seu papel no massacre de Srebrenica, no qual cerca de 8.000 homens e adolescentes muçulmanos foram mortos em julho de 1995 pelas forças sérvias da Bósnia.
Segundo o pedido apresentado pelo seu advogado, consultado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), o antigo chefe de guerra, detido em 2011 na Sérvia após 16 anos em fuga, sofre de uma doença incurável, pelo que a "esperança de vida conta-se em meses".
Os seus familiares descrevem-no há anos como doente e fraco e solicitaram a sua libertação provisória em 2017, também por motivos de saúde.
"Apesar da relutância do serviço médico da UNDU [a ala penitenciária das Nações Unidas] em fornecer uma estimativa definitiva por escrito da sua esperança de vida, é inegável e incontestável que Mladic está a aproximar-se do fim da sua vida", afirmam os advogados, defendendo a libertação "por razões humanitárias".
O filho, Darko Mladic, intervém regularmente na imprensa sérvia para relatar o mau estado da saúde do pai, cuja doença não foi revelada.
Ratko Mladic ainda é considerado um herói de guerra por alguns sérvios, e o seu nome, e até mesmo o seu retrato, ainda são visíveis nas paredes da capital Belgrado.
Em março de 2023, de acordo com a iniciativa dos Jovens pelos Direitos Humanos na Sérvia (YIHR), havia em Belgrado mais de 250 menções (retratos ou grafites) do antigo chefe militar.
Algumas, desenhadas a poucos metros da Praça da República, no centro da cidade, estão sobre uma inscrição que nega o genocídio de Srebrenica.
Ratko Mladic também é celebrado, por vezes, na entidade sérvia da Bósnia.
Em janeiro de 2024, um grupo de adeptos de futebol organizou uma manifestação em Visegrad (leste), onde, em 1992, as forças sérvias da Bósnia mataram mais de 1.500 civis, principalmente bósnios muçulmanos, segundo o Instituto Bósnio para Pessoas Desaparecidas.
Os participantes na manifestação, acompanhada por fogo de artifício, estenderam sobre a ponte que atravessa o rio Drina uma grande tela com a imagem de um 'képi' (chapéu de tipo militar) de oficial, frequentemente associado a Mladic.
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