O Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional informou, em comunicado, que o antigo presidente da Comissão Europeia e antigo primeiro-ministro de Portugal vai fazer uma intervenção, por videoconferência, na sessão de abertura da conferência, que se prolonga até quarta-feira, na cidade da Praia.

A conferência terá como tema os "Desafios da diplomacia cabo-verdiana face à pandemia de covid-19", e, segundo o Governo cabo-verdiano, acontece num contexto regional e internacional instável, dominado pelo isolacionismo e protecionismo e pelas repercussões da pandemia.

De acordo com a mesma fonte, a pandemia está a ter efeitos nunca antes vistos desde a Segunda Guerra Mundial, e que terão impactos nas relações entre Estados e, consequentemente, sobre o ritmo e as modalidades da atividade diplomática.

"O evento será uma oportunidade para se aprimorar a diplomacia de Cabo Verde e se reforçar a coerência na implementação da política externa, estabelecendo novas e criativas abordagens, de modo a aproveitar as oportunidades que possam emergir desta crise pandémica", lê-se na nota governamental, salientando que o tema principal é focado no tipo de respostas que a diplomacia de Cabo Verde deve priorizar face à pandemia de covid-19.

"Os participantes irão analisar as estratégias e respostas conseguidas até agora e os desenvolvimentos realizados, de modo a orientar a forma e a direção da política externa e da sua diplomacia nos próximos tempos, colocando para o ano de 2022 a pandemia de covid-19 e suas consequências no centro das discussões", prosseguiu.

Além de outras ajudas, Cabo Verde recebeu até agora 945.220 doses de vacinas contra a covid-19, doadas por vários países, entre eles Portugal, e no âmbito do mecanismo internacional de acesso equitativo à vacina Covax, que é coliderado pela Gavi, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Coligação para a Inovação na Preparação para Epidemias (Cepi).

Do total de vacinas recebidas, que dão para vacinar 47.2610 pessoas, o país já utilizou 576.803 (61,0%), e já vacinou 84,3% de adultos com a primeira dose, 71,4% com a segunda dose e 52,6% dos cerca de 60 mil menores dos 12 aos 17 anos, segundo o último boletim de vacinação hoje divulgado.

Desde o início da pandemia, o país registou um total de 53.784 casos positivos acumulados de covid-19, dos quais 369 óbitos, 49.679 casos recuperados e tem 3.704 casos ativos da infeção.

A conferência vai acontecer em formato híbrido (presencial e virtual) e a cerimónia de abertura vai ser presidida pelo Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, enquanto o encerramento caberá ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

Outro orador convidado será Courtenay Ratray, subsecretário-geral da ONU e Alto Representante para os Países Menos Avançados, Encravados e Pequenos Estados insulares em Desenvolvimento.

O evento vai contar ainda com intervenções de diplomatas, políticos, o presidente da Plataforma das Organizações não-governamentais (ONG) e investigadores do país e da diáspora.

O Governo cabo-verdiano anunciou em dezembro a institucionalização Conferência Anual da Política Externa (CAPE), para discutir questões pertinentes à política externa e à diplomacia do país, que tem considerado a diplomacia económica como essencial para captar investimento estrangeiro, fazendo da localização geográfica do arquipélago uma oportunidade.

"Neste projeto de construção de Cabo Verde como país plataforma, a diplomacia económica, mas sobretudo a nossa capacidade para atrair o investimento direto estrangeiro, é uma questão essencial, uma questão estratégica, determinante para o nosso futuro coletivo", disse o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, em maio do ano passado.

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