
Os diplomatas da União Europeia (UE) receberam ordens para cortar nos planos de viagens e em festas e eventos e adiar trabalho depois de terem ultrapassado os limites de despesa que tinham sido traçados para este ano, noticia o “Financial Times”.
O gabinete das relações externas do bloco foi instruído a cortar 43 milhões de euros (quase 5% do seu orçamento planeado) após violar os limites de gastos acordados.
As fontes do jornal britânico referem que a situação vai piorar em 2025, tornando impossível manter a presença diplomática atual da UE em áreas como África e América Latina, com altos custos fixos e pressões da inflação.
O serviço diplomático reconheceu que o orçamento proposto exigirá “medidas severas de austeridade”, obrigando-o a vender imóveis para equilibrar as contas. Um funcionário disse que também pode ser necessário fechar algumas missões externas.
Mas este gabinete não é o único com pressão nas contas. Cortes já foram feitos um pouco por todo o lado e abrangem desde carros com motoristas até material de escritório, de acordo com o “Financial Times”.
A recepção anual do EEAS (sigla inglesa para Serviço Europeu de Ação Externa) na Assembleia Geral da ONU, que, segundo os diplomatas, é vital para persuadir países em desenvolvimento a ficarem do lado da UE em questões como a guerra na Ucrânia, foi cancelada.
Por outro lado, a Comissão Europeia ainda tem dinheiro para gastar. “A equipa da Comissão pode viajar pelo país, mas não o embaixador da UE, pois eles estão no orçamento do EEAS”, explicou um responsável ao jornal.
Cerca de 50 das 145 delegações estrangeiras do EEAS — essencialmente embaixadas da UE — têm preocupações críticas de segurança. Mas não há dinheiro para atualizar fechaduras, instalar câmaras ou outras pequenas renovações.
Já em março o secretário-geral do EEAS, Stefano Sannino, alertou que a agência estava “fortemente suborçamentada”. Apesar do aumento de 7,1% no orçamento, para cerca de 880 milhões de euros, Sannino considera que existe na mesma “uma redução significativa do poder de compra da instituição num ambiente caracterizado por alta inflação em todo o mundo”.