Vários dos principais dirigentes mundiais apressaram-se a felicitar a eleição do cardeal Robert Francis Provost como novo Papa, que adotou o nome Leão XIV, com mensagens de esperança e unidade em tempos difíceis no mundo.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, felicitou o primeiro Papa norte-americano, nomeado pelo conclave reunido na Capela Sistina, em Roma, como sucessor de Francisco. “Parabéns ao cardeal Robert Francis Prevost, que acaba de ser nomeado Papa. É uma grande honra saber que ele é o primeiro Papa norte-americano. Que emoção e que grande honra para o nosso país”, escreveu Trump na sua rede social, Truth Social. “Estou ansioso por conhecer o Papa Leão XIV. Será um momento muito significativo!”, acrescentou.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, também se congratulou com a eleição do “primeiro Papa americano”. “Estou certo de que milhões de católicos americanos e outros cristãos rezarão para que o seu trabalho seja bem-sucedido à frente da Igreja. Que Deus o abençoe!”, acrescentou. No início de fevereiro, o então ainda cardeal Robert Prevost escreveu na rede social X: “JD Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar o nosso amor pelos outros.”

Guterres espera que eleição de Leão XIV traga “mundo justo e sustentável”

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, indicou que espera trabalhar com Leão XIV na promoção da “solidariedade e reconciliação” e na construção de “um mundo justo e sustentável para todos”. Em comunicado oficial, Guterres frisou que a eleição de um novo Papa é um momento de profundo significado espiritual para milhões de fiéis em todo o mundo e “ocorre num momento de grandes desafios globais”, em que “o mundo precisa das vozes mais fortes em prol da paz, da justiça social, da dignidade humana e da compaixão”.

Nesse sentido, afirmou que espera dar continuidade “ao longo legado de cooperação entre as Nações Unidas e a Santa Sé – nutrido mais recentemente pelo Papa Francisco – para promover a solidariedade, promover a reconciliação e construir um mundo justo e sustentável para todos”. “Apesar da rica diversidade de origens e crenças, as pessoas de todo o lado partilham um objetivo comum: que a paz esteja com todo o mundo”, concluiu.

UE espera pontificado de “sabedoria e força”

A União Europeia (UE) disse esperar que o novo Papa seja uma voz “no palco global” e que o pontificado seja “guiado pela sabedoria e força” para “promover valores comuns”. “Felicitamos sinceramente a Sua Santidade Leão XIV pela sua eleição enquanto Papa e líder da Igreja Católica”, disseram em comunicado conjunto os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A UE afirmou esperar que o pontificado de Leão XIV seja “guiado pela sabedoria e força”, enquanto lidera a “comunidade católica e inspira o mundo através do seu compromisso com a paz e o diálogo”. “Estamos confiantes de que o Papa Leão XIV vai utilizar a sua voz no palco global para promover valores comuns e encorajar a unidade na procura por um mundo com mais compaixão e mais justo”, acrescentaram Costa e Von der Leyen.

Putin certo de que “diálogo construtivo” vai continuar

Ao felicitar o novo Papa, o Presidente russo afirmou estar certo de que será mantida uma cooperação construtiva entre Moscovo e o Vaticano.

Estou certo de que o diálogo construtivo e a interação estabelecida entre a Rússia e o Vaticano vão continuar a desenvolver-se na base dos valores cristãos que nos unem, disse Vladimir Putin, numa mensagem de felicitações divulgada pelo Kremlin.

Zelensky pede “contínuo apoio moral e espiritual” à Ucrânia

Numa mensagem dirigida ao Papa Leão XIV, o Presidente ucraniano saudou a eleição do novo pontífice e sublinhou que a Ucrânia valoriza profundamente a posição consistente da Santa Sé na defesa do Direito Internacional, condenando a agressão militar da Federação Russa contra o país e protegendo os direitos dos civis inocentes.

Zelensky disse ainda esperar o contínuo apoio moral e espiritual do Vaticano nos esforços da Ucrânia para restaurar a justiça e alcançar uma paz duradoura, desejando ao novo Papa sabedoria, inspiração e força para cumprir a sua nobre missão.

Netanyahu espera que Leão XIV traga “esperança e reconciliação”

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu ao novo Papa que traga “esperança e reconciliação entre todos os crentes”. “Felicidades ao Papa Leão XIV e à comunidade católica mundial. Desejo ao primeiro Papa dos Estados Unidos êxito e que traga esperança e reconciliação entre todos os crentes”, disse Netanyahu num comunicado divulgado pelo seu gabinete.

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, já tinha pedido ao novo Papa para encorajar “a amizade entre judeus e cristãos”. “Aspiramos a reforçar as relações entre Israel e a Santa Sé, bem como a amizade entre judeus e cristãos na Terra Santa e em todo o mundo”, declarou, em comunicado.

Historicamente complicadas, as relações entre o Vaticano e Israel deterioraram-se após o ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas ao sul de Israel, a 7 de outubro de 2023, e a guerra que Israel desencadeou em retaliação no mesmo dia, na Faixa de Gaza, ainda em curso. Até à véspera da morte, o Papa Francisco assumiu repetidamente uma posição crítica em relação à guerra em Gaza, o que irritou as autoridades israelitas, que o consideravam pró-palestiniano.

Embora Herzog tenha rapidamente prestado homenagem ao Papa Francisco no dia em que este morreu, a 21 de abril, Netanyahu demorou mais de três dias a expressar as suas condolências.

Já a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, considerou que as primeiras palavras de Leão XIV constituem um “poderoso apelo à paz” num mundo que “precisa desesperadamente de paz”. “Santo Padre, apresento-lhe as minhas felicitações pessoais e as do Governo italiano pela sua eleição para o Trono de Pedro”, escreveu numa carta ao novo Papa, citada pela agência de notícias italiana ANSA, assinada com “afeto filial”.

Na missiva, a governante afirmou que “o mundo precisa desesperadamente de paz”, que Leão XIV “invocou diversas vezes, recordando a ação incessante e incansável do falecido Papa Francisco”. E salientou que as primeiras palavras como Sumo Pontífice na varanda da Basílica de São Pedro, no Vaticano, constituem “um poderoso apelo à paz”.

No Reino Unido, o primeiro-ministro, Keir Starmer, destacou como o pontificado de Francisco mostrou que o Vaticano “tem um papel especial a desempenhar na união dos povos e das nações e para abordar os grandes temas do mundo atual como as alterações climáticas, o alívio da pobreza e a promoção da paz e da justiça”.

A eleição do novo Papa, considerou Starmer, é “um momento de profunda alegria para os católicos do Reino Unido e de todo o mundo” e “um momento transcendental” por ser a primeira vez que o Papa escolhido é um norte-americano, manifestando a expectativa de poder “reunir-se rapidamente” com Leão XIV e “continuar a trabalhar estreitamente com a Igreja Católica”.

O chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, manifestou o desejo de que o pontificado do novo Papa “contribua para fortalecer o diálogo e a defesa dos direitos humanos num mundo que precisa de esperança e unidade”.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou o desejo de que este “novo pontificado seja portador de paz e esperança” para o mundo, numa mensagem na rede social X. A eleição de um novo Papa é “um momento histórico para a Igreja Católica e os seus milhões de fiéis”, escreveu. “Ao Papa Leão XIV e a todos os católicos do mundo envio uma mensagem fraternal.”

O novo chefe do Governo alemão, Friedrich Merz, felicitou igualmente Prevost, afirmando que traz “esperança e orientação a milhões de crentes”. “Através do seu cargo, nestes tempos de desafios, o senhor dá a milhões de crentes em todo o mundo esperança e orientação. Para muitas pessoas, uma âncora de justiça e de reconciliação”, afirmou Merz. Na Alemanha, prosseguiu o chanceler, “as pessoas veem o seu pontificado com confiança e expectativa positiva”, acrescentou o político democrata-cristão, que é católico, desejando ao novo Papa “muita força, saúde e bênção divina”.

Na Polónia, o Presidente Andrej Duda felicitou “de todo o coração” o novo Papa, recordando que o seu país, onde dois terços da população se declara católica, vive este dia com grande emoção e esperança por ter estado sempre ligada à Igreja Católica por um vínculo especial. “De todo o coração, em nome da nação polaca e no meu próprio, felicito Sua Santidade o Papa Leão XIV pela sua eleição”, escreveu Duda no X.

“Este é um momento profundamente comovente para a comunidade da Igreja Católica e para o mundo inteiro”, sublinhou, disponibilizando-se para “fortalecer cada vez mais” esse laço único, “em nome dos valores comuns, da responsabilidade pelo bem comum e pelo fortalecimento da paz no mundo”.

Ainda na Europa, os Presidentes dos Países Bálticos – Estónia, Letónia e Lituânia –, felicitaram o novo Papa. “Desejo a Sua Santidade um pontificado bem-sucedido e força para este momento difícil. A Letónia e a Santa Sé sempre mantiveram laços cordiais e espero continuar a promover esta relação”, escreveu o Presidente da Letónia, Edgars Rinkevics, no X. O seu homólogo estónio, Alar Karis, felicitou o novo pontífice, desejou-lhe “sabedoria e força” na missão de paz, compaixão e esperança e sublinhou que a Estónia aprecia profundamente o valor do Vaticano na promoção do diálogo e da dignidade humana.

Por fim, o lituano Gitanas Nauseda felicitou “todos os católicos, cristãos, crentes e pessoas de boa vontade”. “Que Leão XIV guie a Igreja com fé, esperança e amor. Confio que os fortes laços da Lituânia com a Santa Sé serão aprofundados durante o seu pontificado”, afirmou.

Na América Latina, o Governo da Colômbia foi o primeiro a reagir, felicitando o novo Papa e desejando-lhe êxito na sua missão pastoral. “O Ministério dos Negócios Estrangeiros, em nome do Governo da Colômbia, felicita a Santa Sé pela eleição de Leão XIV como novo Sumo Pontífice”, lê-se num comunicado que deseja “ao 267º Papa muito êxito no trabalho à frente da Igreja”. O Governo de Bogotá manifestou ainda o desejo de que as relações bilaterais com o Vaticano “continuem a fortalecer-se em torno dos anseios de paz na Colômbia e no mundo”, acrescenta-se na mensagem.

Pouco após esta mensagem, o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, saudou a eleição de um Papa com laços profundos com a América Latina que, disse esperar, vai defender os migrantes latino-americanos no país natal, os Estados Unidos. “É mais do que um norte-americano”, escreveu Gustavo Petro no X, numa alusão aos anos que o novo Papa passou no Peru. “Espero que seja o grande líder dos povos migrantes no mundo e que encoraje os nossos irmãos migrantes latino-americanos, atualmente humilhados nos Estados Unidos”, acrescentou.

Na Argentina, o Governo felicitou o novo Papa desejando que “a liderança e sabedoria” sejam um “guia em tempos difíceis” para todos. Numa mensagem no X, o porta-voz do Presidente Javier Milei acrescentou que “o mundo precisa de despertar os leões”, uma aparente alusão a um dos nomes assumidos pelo chefe de Estado ultraliberal, que se intitulou “um leão”. “Que Deus o abençoe e as forças do Céu o acompanhem”, acrescentou o porta-voz, empregando outra expressão habitualmente usada por Milei.

A Presidente do Peru, Dina Boluarte, assinalou que a nacionalidade peruana do cardeal Robert Prevost, nascido há 69 anos em Chicago e escolhido como novo Papa, é “uma expressão do seu profundo amor” pelo país sul-americano. “Tornou-se cidadão peruano em 2015 como expressão do seu profundo amor pelo Peru, país onde dedicou grande parte da sua vida religiosa a servir os mais pobres. Nas nossas terras, semeou esperança, caminhou ao lado dos mais necessitados e partilhou as alegrias do nosso povo”, declarou Dina Boluarte sobre a escolha do antigo bispo de Chiclayo, que adotou o nome Leão XIV. Num discurso televisivo, a chefe de Estado destacou a celebração de “um momento histórico para o Peru e para o mundo” com a eleição de Prevost, “cidadão peruano por opção e coração” e que foi vice-presidente da conferência episcopal deste país.