Pensando nessa agenda, especialistas do setor do biometano se reuniram em Manaus, capital do Amazonas, em um evento promovido pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), pra discutir o potencial do biometano para acabar com os lixões e descarbonizar a Amazônia.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico do Brasil (SINISA), mais de 1.500 cidades no país descartam o seus resíduos sólidos em “lixões”, que contribuem para a contaminação do solo e da água, poluição atmosférica e disseminação de doenças, além da questão estética.

Esses “lixões” geram gases como dióxido de carbono e metano que, sem tratamento algum, contribuem para o aquecimento global.

É justamente aqui que entra a produção de biometano, em alta no Brasil, a partir de aterros sanitários. O biometano, nada mais é, que o resultado da purificação do biogás. Essa atividade está ganhando tração no Brasil, incentivada por estímulos públicos e privados, mas ainda emperra na questão politica.

Anthony Wells, da SIC, em Manaus, AM

“Eu sinceramente não sei o que fazer. Nao é um problema técnico. É um problema politico”, explica o Adalberto Maluf, secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental.

O que emperra a produção de biometano é primeiro, o custo: um centro de tratamento nos arredores de Manaus, por exemplo, custou pelo menos 200 milhões de reais.

Há, claro, a questão burocrática: as licenças e autorizações para a implantação dos aterros sanitários legalizados requerem um processo demorado. É, também, difícil de convencer autoridades e moradores a terem grandes pontos de recolhimentos de lixo, perto de áreas habitadas.

Por isso que especialistas e representantes do mercado brasileiro, esperam que o debate sobre o tema no palco da COP 30 possa destravar e desburocratizar a produção do biometano como transição energética. O biometano pode reduzir em até 90% as emissões de gases de efeito estufa, de acordo com a Waga Energy.

Anthony Wells, SIC, em Manaus, AM

“A COP 30 oferece a visibilidade da pauta ambiental”, detalha Hugo Nery, CEO da Marquise Ambiental, uma das primeiras empresas a investir em plantas de biometano no Brasil. A companhia recolhe, em média, 13 milhões de toneladas de lixo por ano, e atende mais de 20 milhões de brasileiros.

Segundo o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), o Brasil tem o potencial para produzir quase 85 bilhões de metros cúbicos de biometano por ano, o suficiente para suprir 40% da demanda interna da energia elétrica e 70% do consumo de diesel.

O Centro de Tratamento e Transformação de Resíduos (CTTR) Amazonas, por exemplo, localizado a cerca de 40 km de Manaus, foi projetado para gerar 80 mil metros cúbicos de biometano por dia e abastecer 170 mil casas na região de Manaus.

Anthony Wells, da SIC, em Manaus, AM

A COP 30 irá acontecer entre os dias 10 e 21 de Novembro, de 2025.