"A falha no sistema de refrigeração foi uma falha técnica ou, conforme se lê nas notícias, decorrente de uma utilização inadequada do sistema de refrigeração do hospital?", lê-se no requerimento entregue na Assembleia da República, divulgado à Lusa.

O CDS solicita à ministra Marta Temido que confirme "que uma falha no sistema de refrigeração do hospital de Penafiel teve como consequência a inutilização de 130 frascos de vacinas, o equivalente a 600 doses".

Solicitando à ministra que confirme se a diretora do serviço de farmácia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa foi demitida na sequência da danificação de frascos de vacinas, o partido questiona ainda sobre as evidências de que "a responsabilidade do sucedido é da diretora do serviço de farmácia agora demitida", estando ainda a decorrer um inquérito.

As deputadas Cecília Meireles e Ana Rita Bessa, que subscrevem o requerimento parlamentar, querem também saber se "foi demitida apenas a diretora do serviço de farmácia" ou "houve mais alguma demissão na sequência deste acidente".

O requerimento questiona, também, se "os frascos inutilizados já foram substituídos" e se "algum profissional de saúde ficou por vacinar".

A Ordem dos Farmacêuticos lamentou hoje a "condenação pública" da responsável da farmácia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) pela perda de 600 vacinas de covid-19, sem que sejam conhecidas as conclusões do inquérito.

Na segunda-feira, fonte hospitalar disse à Lusa que a diretora dos serviços farmacêuticos do CHTS "foi substituída", na sequência da inutilização de 600 doses de vacinas de covid-19 por problemas de refrigeração, ocorridos na semana passada.

A fonte da administração do CHTS acrescentou que ainda decorre o inquérito à situação ocorrida na semana passada, recusando-se a adiantar mais pormenores.

Contudo, segundo a Ordem dos Farmacêuticos, aquela situação, "além de pôr em causa o princípio de presunção de inocência, é reveladora de incapacidade de liderança, ao permitir que seja responsabilizado individualmente, e de forma prematura, um dos colaboradores do hospital por problemas que resultam também de um sistema sobrecarregado, com recursos limitados e, em muitos casos, obsoletos ou até de eventuais carências e ineficiências já reportadas hierarquicamente".

A Ordem dos Farmacêuticos diz "disponibilizar apoio jurídico a todos os seus membros e, neste contexto, acompanha as diligências em curso no âmbito do processo de inquérito instaurado pelo CHTS".

A fonte hospitalar informou que o problema com as vacinas ocorreu com 113 frascos (cada um daria para cinco ou seis vacinas) que tinham chegado em 25 de janeiro ao hospital e seriam para ser administradas no dia seguinte.

Referiu ainda que o conselho de administração "ordenou de imediato a abertura de um processo de inquérito, para apuramento detalhado do sucedido e das respetivas responsabilidades, estando em avaliação a apresentação de participação por eventual processo-crime".

APM // ACG

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