Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, para fazer o balanço das medidas de mitigação adotadas pelo Governo nos preços dos produtos energéticos, Alexandre Monteiro avançou ainda que esse valor diz respeito a medidas tomadas de abril a junho e as também que vigoram até final do ano.

Em 01 de julho, o ministro disse que até ao final do ano as medidas na eletricidade representavam um esforço financeiro de mais de 1.080 milhões de escudos (9,7 milhões de euros) para proteger as famílias e as empresas.

E no total, as medidas de mitigação dos aumentos dos preços dos combustíveis devido ao impacto da guerra na Ucrânia iriam exigir um esforço financeiro de 45,3 milhões de euros ao Estado de Cabo Verde.

Entre as medidas, está a redução do IVA na eletricidade e água de 15% para 8%, majoração dos gastos com eletricidade e água em 30%, aumento do desconto da tarifa social de água e eletricidade de 30% para 50%, suspensão temporária do mecanismo de fixação dos preços dos combustíveis, atualização tarifária dos combustíveis, redução da taxa de direitos de importação sobre a gasolina, o gasóleo e fuel, suspensão durante julho da taxa de segurança e manutenção rodoviária.

Para Alexandre Monteiro, as medidas estruturais adotadas pelo Governo tiveram "impactos reais e concretos" na vida das famílias e nas empresas, evitando "aumentos catastróficos" dos preços dos combustíveis no país.

A título de exemplo, entre abril e junho, as medidas do Governo evitaram o aumento médio dos preços dos combustíveis em cerca de 16%.

Na tarifa de eletricidade, sem nenhuma medida o preço seria de mais de 50% superior ao preço atual e as famílias inscritas no cadastro social pagariam mais do dobro (158%) do que pagam agora, revelou ainda o ministro.

Alexandre Monteiro sublinhou ainda o facto de o país ter continuado a ser abastecido normalmente e garantiu que o Governo e o mercado de combustível vão continuar a envidar esforços para que não haja perturbação no abastecimento de combustíveis no arquipélago.

Em 20 de junho, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, anunciando mais medidas de mitigação, com um custo total de mais de 80 milhões de euros.

Um dos objetivos com a declaração da situação de emergência é mobilizar 8,8 mil milhões de escudos (80 milhões de euros) até ao final deste ano junto de parceiros internacionais para implementar as medidas de mitigação dos efeitos das crises alimentar e energética.

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, revelou também durante a conferência de imprensa que o Governo já mobilizou metade desse valor junto de parceiros internacionais e não descartou a possibilidade de vir a tomar novas medidas e conseguir mais recursos, em função da evolução do quatro nacional e internacional.

O país vive ainda uma profunda crise económica, após uma recessão de quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, face à ausência de turismo provocada pela pandemia de covid-19, setor que garante 25% do PIB e do emprego.

O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido entre 6,5 e 7,5% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022, que foi revisto para 4%, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia.

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