"Estas medidas não estão a produzir o efeito desejado, são pouquíssimas as empresas que estão a tirar proveito dos apoios", disse à Lusa o diretor executivo da ACIS, Edson Chichongue.

Edson Chichongue avançou que a burocracia e a falta de uma comunicação eficiente estão a travar o acesso aos incentivos criados pelo executivo para a economia.

"O Governo tomou medidas muito importantes e relevantes, o desafio que existe está na implementação destas medidas e na articulação entre as várias instituições do Estado", declarou o diretor executivo da ACIS.

As empresas mais afastadas das cidades não têm sequer acesso ao Boletim da República para se inteirarem dos requisitos exigidos para o acesso aos benefícios, prosseguiu.

Por outro lado, medidas como o diferimento do pagamento de dívidas de luz e Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) são tão restritivas que acabam tendo um impacto limitado no apoio à economia.

Edson Chichongue adiantou que a maioria das 600 empresas filiadas na ACIS sofreram perdas de faturação superiores a 60%, enquanto 10% dos filiados acumularam prejuízos de 5%.

"Os impactos são severos, principalmente para uma economia como a nossa, que vem sofrendo com outros choques como os ciclones e conflitos armados no centro e norte do país", assinalou Edson Chichongue.

Chichongue avançou que melhorou o diálogo com o Governo em torno dos benefícios à economia, o que faz perspetivar um maior aproveitamento das ajudas por parte das empresas.

A ACIS chegou a ter 900 empresas filiadas, mas a difícil situação económica que o país já vinha enfrentando antes da eclosão da covid-19 provocou o encerramento de 300 firmas moçambicanas e estrangeiras.

Os setores do comércio, indústria e serviços ocupam 94% do tecido empresarial moçambicano.

Moçambique regista 3.115 casos de covid-19 e 20 óbitos.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 793.847 mortos e infetou mais de 22,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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