
A Associação Portuguesa das Pessoas com Necessidades Especiais – Associação Sem Limites promove, ao longo desta quinta-feira, as suas oitavas jornadas que reúnem especialistas e instituições com o objectivo de sensibilizar para os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência e necessidades especiais.
Na sessão de abertura, o presidente da associação, Filipe Rebelo, fez um apelo directo à acção, criticando o "show-off" e defendendo medidas concretas para garantir igualdade de oportunidades.
"A inclusão não pode acontecer apenas nos dias temáticos, como o 3 de Dezembro (Dia Internacional das Pessoas com Defeciência). As pessoas com deficiência existem todos os dias, e a sociedade tem de estar preparada para recebê-las", referiu, reforçando que a actuação das instituições não pode ficar pela teoria. "Temos de ouvir quem está no terreno, criar equipas multidisciplinares e sinergias reais que garantam qualidade de vida, não só às pessoas com deficiência, mas também aos seus cuidadores e famílias", sublinhou.
Uma das principais propostas apresentadas pela Associação Sem Limites é a revisão dos apoios sociais, com a criação de um valor fixo e digno que garanta a "autonomia financeira" das pessoas.
Queremos substituir os vários apoios por um rendimento equiparado ao salário mínimo. Não se trata de criar dependência, mas de assegurar dignidade. Ninguém consegue comprar uma cadeira de rodas, uma cama articulada ou uma simples fralda com menos de 800 euros Filipe Rebelo, presidente da Associação Sem Limites
Além disso, a proposta da associação também prevê incentivos à contratação, permitindo que os empregadores apenas assumam encargos com a segurança social e subsídio de alimentação, uma vez que o salário base estaria assegurado pelo Estado.
Segundo Filipe Rebelo, embora não existam dados actualizados, devido à legislação sobre a protecção de dados, estima que entre 20 a 30 mil pessoas na Madeira vivem com algum tipo de deficiência ou necessidade especial. "Conheço famílias com dois filhos com deficiência que não conseguem sequer comprar uma viatura adaptada. Estamos a falhar com estas pessoas", lamentou o dirigente.
Destacou ainda a necessidade de mais respostas sociais, como ATL’s adaptados, lares com vagas, instituições preparadas e políticas públicas inclusivas. "As políticas não podem estar acima das pessoas e das instituições. Não podemos continuar a viver de discursos e de simbolismos", enalteceu.
Temos de criar pontes, construir parcerias e actuar em conjunto. A Associação Sem Limites está disposta a continuar este trabalho junto das autarquias, do Governo Regional e do Governo central, com propostas concretas e soluções reais, mas é preciso vontade. Filipe Rebelo, presidente da Associação Sem Limites
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