Embora existam poucas estatísticas sobre o abuso de idosos no mundo, no caso dos países desenvolvidos, entre 1% e 10% dos idosos são vítimas de abusos, revela a Organização das Nações Unidas (ONU), no dia em que se assinala o Dia Mundial da Consciencialização da Violência Contra a Pessoa Idosa, a 15 de junho.

O abuso de idosos é um problema que existe tanto nos países em desenvolvimento como nos países desenvolvidos, mas muitas vezes não é reportado, alerta a organização. Embora a extensão do problema seja desconhecida, a ONU afirma que «o seu significado social e moral é óbvio» e «exige uma resposta global multifacetada, focada na proteção dos direitos dos idosos».

O problema agravou-se com a pandemia da COVID-19, pelo que este ano as Nações Unidas destacam a necessidade de se proteger os idosos durante a pandemia e depois. Em maio passado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou um relatório detalhando o impacto da COVID-19 em idosos. Na altura, Guterres afirmou que «nenhuma pessoa, jovem ou velha, é dispensável» e que «os idosos têm os mesmos direitos à vida e à saúde que todos os outros».  Para Guterres, «decisões difíceis sobre cuidados médicos devem respeitar os direitos humanos e a dignidade de todos».

No caso do novo coronavírus, embora todas as faixas etárias corram riscos, os idosos têm um risco maior de mortalidade e de desenvolver doenças graves após a infeção. Entre as pessoas acima de 80 anos, a taxa de mortalidade é cinco vezes maior. Estima-se que 66% das pessoas com 70 anos ou mais tenham pelo menos uma condição de saúde subjacente, colocando-as em maior risco. Os idosos também podem ser discriminados quando médicos e hospitais decidem quem tem acesso a tratamentos e medicamentos.

Além disso, antes da pandemia, metade da população idosa em alguns países em vias de desenvolvimento já não tinha acesso a serviços essenciais de saúde. A crise pode levar a uma redução de serviços críticos, aumentando ainda mais os perigos.

Segundo a ONU, entre 2019 e 2030, o número de pessoas com 60 anos ou mais deve crescer 38%, passando de mil milhões para 1,4 mil milhões de pessoas no mundo. Nessa altura, o número de idosos irá superar o número de jovens em todo o mundo. Esse aumento será maior e mais rápido nos países em vias de desenvolvimento. Por tudo isso, a ONU afirma que «é preciso dar mais atenção aos desafios específicos que afetam os idosos, inclusive no campo dos direitos humanos».