No passado mês de março, a redução da colheira de sangue foi superior a 50%, sendo acompanhada por uma redução de cerca de 35% nos consumos, revela ao SAPO o presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES), Alberto Mota. Em  Abril, houve uma redução de 40%. Já em maio, muitas colheitas foram retomadas «e assim conseguimos colocar todos os grupos sanguíneos muito estáveis e em níveis a mais de 10/dia», explica Alberto Mota.

Questionado sobre se as reservas nacionais estavam em risco, o responsável assegurou que «de acordo com os dados que temos, a reserva do IPST está, neste momento, globalmente preenchida. Temos reservas compostas ou próximas disso – quase todas com a descrição ‘mais de 10 dias’».

Ainda assim, a FEPODABES lança uma nova campanha de sensibilização nas praias portuguesas, para acabar com alguns receios dos dadores em dar sangue durante a pandemia, divulgando que o ato é seguro e mais necessário do que nunca. «Este ano, mais do que nunca, precisamos de todos os dadores pois, devido à pandemia, as universidades e empresas que até aqui organizavam recolhas de sangue não podem fazê-lo e as unidades móveis não podem circular. No entanto, é possível doar sangue nos Centros de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto e Coimbra, serviços hospitalares com recolha de sangue e nas recolhas organizadas pelas associações de dadores benévolos de sangue», explica Alberto Mota.

Questionado sobre como se garante a segurança na doação de sangue em tempos de COVID-19, o presidente da FEPODABES comenta que «o risco de transmissão deste vírus através de sangue permanece desconhecido, não havendo evidências da sua transmissão. Até agora, não foi reportado nenhum caso de transmissão de vírus respiratórios (incluindo coronavírus) por transfusão ou transplantação e as medidas adotadas para a elegibilidade dos dadores impedem a dádiva de pessoas com manifestações clínicas de infeção respiratória ou febre. No entanto e ainda que este risco de transmissão seja teórico, de acordo com a informação atual, as incertezas sobre existência de viremia durante o período de incubação, durante a fase assintomática da infeção, ou após a resolução dos sintomas, continuam a ser uma preocupação no que se refere à segurança dos órgãos, tecidos e células. Por outro lado, as características da transmissão do SARS-CoV-2 e a dimensão dos surtos sugerem que poderá haver efetivamente um impacto significativo na atividade da transplantação. No entanto, todos os cuidados impostos pela DGS (utilização de máscaras e reforço de desinfeção de pessoas e superfícies) são escrupulosamente cumpridos em cada recolha de sangue».

Calendário da ação de sensibilização nas praias portuguesas para apelar à dádiva:

30 de julho - Praia da Vieira -15h/20h

4 e 19 de agosto – Costa da Caparica – 15h/20h

13 e 17 de agosto – Peniche– 15h 20h

11 e 18 de agosto – Foz do Arelho - 15h/20h

12 de agosto – Almeirim – 15h/20h

No dia 14 de junho, assinala-se o Dia Mundial do Dador de Sangue. Em Portugal, a FEPODABES vai homenagear todos os dadores numa cerimónia simbólica, a realizar no dia 14 de junho, em Fátima, e quer e lembrar aos portugueses que doar sangue pode ser feito com toda a segurança durante a pandemia de COVID-19 e que, neste período que antecede as férias de verão, reforçar as reservas de sangue é fundamental.  Ao SAPO Alberto Mota revela que «a expectativa é conseguir ir ao encontro dos dadores de sangue, sensibilizar mais pessoas para a dádiva de sangue e manter os níveis de reserva de sangue sempre satisfatórios, lembramos que necessitamos de cerca de 1000 unidades de sangue por dia».

O Dia Mundial do Dador de Sangue foi instituído pela Organização Mundial da Saúde, em maio de 2005. A escolha da data da efeméride, 14 de junho, tem por objetivo homenagear Karl Landsteiner, nascido na mesma data. Karl Landsteiner foi um médico e biólogo norte-americano, de origem austríaca, precursor da transfusão sanguínea e agraciado com o Nobel de Fisiologia/Medicina de 1930, pela classificação dos grupos sanguíneos, sistema AB0, e descobriu o fator RH.

A cada dois segundos alguém precisa de uma transfusão de sangue e todos os dias são necessárias mil unidades de sangue em Portugal. Podem doar sangue todas as pessoas com bom estado de saúde, com hábitos de vida saudáveis, peso igual ou superior a 50 kg e idade compreendida entre os 18 e 65 anos. A dádiva de sangue é benévola e não remunerada.  A doação de sangue pode ser feita de quatro em quatro meses pelas mulheres e de três em três meses pelos homens. Será sempre efetuada em todas as dádivas uma triagem clínica, prévia, onde poderá esclarecer todas as dúvidas.