Os dados provisórios da CEN fornecidos à Lusa indicam que o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) do primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, perdeu o poder em todas as cinco câmaras que detinha desde 2018.

Na Câmara Distrital de Água Grande, com um total de 15 mandatos, a ADI conquistou 14 mandatos e o MLSTP/PSD conquistou apenas um, perdendo a presidência.

A ADI também revalidou a liderança na Câmara Distrital de Mé-Zóchi (segundo distrito mais populoso) com um total de 12 mandatos, enquanto o MLSTP/PSD conquistou apenas um.

No distrito de Lembá, no norte da ilha de São Tomé, a ADI conquistou seis mandatos e o MLSTP/PSD obteve três.

O Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista, conhecido como movimento de Caué, em coligação com o Partido de Unidade Nacional (MCI/PS-PUN), conquistou os nove mandatos da Câmara Distrital de Caué.

No distrito de Cantagalo houve um empate de cinco mandatos entre a ADI e MLSTP/PSD, enquanto o MCI/PS-PUN alcançou um mandato.

Em Lobata, a ADI conquistou cinco dos 11 mandatos, enquanto o MLSTP/PSD e movimento Basta ficaram com três mandatos para cada um.

Ao todo a ADI alcançou 42 mandatos, o MLSTP/PSD 13, o MCI/PS-PUN 10 e o movimento Basta três, num total de 68 mandatos distribuídos pelas seis câmaras distritais da ilha de São Tomé.

Segundo o mapa de apuramento da CEN, dos 102.645 eleitores inscritos, foram registados 72.486 votantes (70,62%).

Na Região Autónoma do Príncipe, num total de nove mandatos, a União para Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP) conquistou seis e o Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe (MVDP) conquistou três.

As eleições autárquicas e regional foram realizadas no domingo em simultâneo com as legislativas em que a ADI foi a força política mais votada e reivindica a maioria absoluta de 30 dos 55 assentos no parlamento.

Até ao momento nem a CEN, nem as Assembleias de Apuramento Distrital fizeram a distribuição provisória dos mandatos, remetendo a decisão para o Tribunal Constitucional em sede de apuramento definitivo, que se inicia na segunda-feira.

Na quarta-feira, o presidente da ADI, Patrice Trovoada, pediu ao Governo são-tomense que cumpra o acordo assinado com a União Europeia para que os seus observadores acompanhem o apuramento dos resultados finais no Tribunal Constitucional.

"Eu peço ao primeiro-ministro para que a palavra/a assinatura de São Tomé e Príncipe seja respeitada e que a União Europeia que nós consideramos uma garantia da regularidade do processo, lhe seja permitido participar na fase final também no Tribunal Constitucional", disse Patrice Trovoada, durante uma conferência de imprensa na sede do partido, na capital são-tomense.

Trovoada exortou o primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, a reconhecer a derrota do MLSTP/PSD "o mais rapidamente possível" para apaziguar o clima social.

Antes o primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, havia advertido que "nenhum cidadão ou partido político deve pretender substituir as instituições do Estado" e apelou à calma enquanto as autoridades avaliam "algumas irregularidades" detetadas nas eleições de domingo.

O chefe do executivo são-tomense garantiu que "a autoridade do Estado não será colocada em causa" e advertiu que as forças de segurança poderão intervir em caso de necessidade.

JYAF (JH) // LFS

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