
"Vamos ter de mudar o nome deste sítio. Agora já não é Tasi Tolu. Agora é Tasi Haat, quatro lagoas. Três ali e uma aqui. Só que esta é uma lagoa vermelha", disse no palco, à chuva, Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, perante uma das maiores mobilizações de apoiantes da campanha.
O encontro serviu para renovar apelos à votação em Lú-Olo onde se dançou, cantou e se sucederam discursos políticos, de vários partidos e várias organizações.
Nem a chuva, que chegou a meio da tarde, parou a festa. Recusando a oferta de um guarda-chuva dos seguranças, o próprio Alkatiri fez-se ao palco, à chuva, para cantar e dançar, causando o júbilo entre os apoiantes que continuaram a saltar, mesmo encharcados.
Antes, sucederam-se os discursos políticos, de vários apoiantes da campanha e de dirigentes do partido, incluindo José Manuel Fernandes, que considerou que o grande número de participantes no comício de hoje era uma resposta à mobilização, que considerou mais pequena, de José Ramos-Horta e Xanana Gusmão na terça-feira, no mesmo local.
"Hoje temos aqui uma maré vermelha. De uma ponta à outra do país, até Díli, o povo apoia o Presidente Lú-Olo", afirmou.
Ao palco subiram o presidente do partido Os Verdes, Antonio Lela Hunu Cruz, e outros apoiantes, mas um dos discursos mais intensos foi o do Demétrio Amaral, secretário de Estado do Ambiente, segundo vice-presidente do Partido Libertação Popular (PLP), do atual primeiro-ministro, e um dos parceiros da Fretilin no Governo.
No discurso, o dirigente pediu a todos os militantes do partido -- que não deu instruções de voto aos seus apoiantes -- para que escolham o candidato "que não quer dissolver o parlamento" e que ajudou a resolver a crise, incluindo lidar com a emergência sanitária criada pela covid-19.
"Este é o Presidente de que Timor-Leste precisa, o Presidente ideal, que cuidou o povo, um Presidente que trabalhou bem, com grandes resultados para o povo. Durante cinco anos, respondeu às várias crises e com o Governo resolveu os problemas", disse.
"Timor-Leste precisa de um Presidente como este, um Presidente que não vai dissolver o parlamento e criar uma nova crise. Um Presidente que se preocupa com o futuro de Timor-Leste. Peço a todos os militantes e apoiantes do PLP que apoiem e votem no Lú-Olo", afirmou.
Apolinário Mendonça, da Juventude Foinsae, pediu igualmente aos jovens de todo o país para votar em Lú-Olo porque o chefe de Estado "respeita os jovens, as organizações, respeita a liberdade".
"Não acreditem nas histórias que andam a contar, votem Lú-Olo. Eu, jovem, apoio o avô Lú-Olo", disse, recordando heróis timorenses como Borja da Costa ou Nicolau Lobato e apelando à mobilização de "toda a juventude, de uma ponta à outra do país".
"Dizem que é a Fretilin 2000. Vamos mostrar a Fretilin 2022. Votamos ou não?", questionou três vezes, para ouvir uma sonora resposta: "votamos".
A concentração começou cedo, em vários pontos da cidade, com os apoiantes a juntarem-se depois em grandes colunas de motas, carros e camionetas de caixa aberta, marcadas pelo vermelho da Fretilin.
A primeira grande coluna chegou ao final da manhã, aberta por um grupo a pé, os corpos pintados de vermelho, preto, amarelo e branco, as cores da bandeira do partido. Corpos pintados tornaram-se um 'must' e estão em quase todas os grandes comícios de praticamente todas as campanhas.
No palco, os Ramcabian foram a banda de serviço, com quatro vocalistas, duas guitarras e baixo, bateria e teclas, num concerto em que se tocam vários dos temas mais populares do país, ainda antes do conteúdo político.
Apoiantes, vindos de vários pontos da cidade, continuaram a chegar durante várias horas, com muitos a entrar no recinto quando já decorria um quase concerto, enquanto se esperava o candidato e a sua comitiva.
Coube aos dois líderes máximos os discursos finais, primeiro Alkatiri a pedir votos em consciência e "vigilância total" durante o dia da votação e na contagem, vincando que os comícios da campanha mostraram que "o povo conhece Lú-Olo e que quer que continue a trabalhar pelo povo".
E terminou com um apelo: "no sábado votem no número seis. Só precisam de furar o número seis. Não precisam de escrever 'I Love you' na bandeira da Fretilin. Isso estraga o voto. Escrevam antes isso num SMS aos namorados".
Finalmente, Lú-Olo repetiu as mensagens de toda a campanha, vincadas na ideia de que a campanha já mostrou que vai ser eleito e que "só falta mesmo é legitimar isso pelo voto".
Timor-Leste entra agora em dois dias de reflexão e a votação da primeira volta decorre no sábado.
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Lusa/Fim