
Existem inúmeras mudanças a nível cultural, social, ou mesmo organizacional, que influenciam a forma como os jovens encaram hoje o mercado de trabalho. O setor financeiro não é exceção e enfrenta, igualmente, o desafio da atualidade: o da atração e da retenção de talento!
É um facto que o número de colaboradores na banca tradicional tem vindo a diminuir nos últimos anos, resultado da transformação digital e da crescente especialização e competividade dos mercados. Esta realidade intensifica significativamente a concorrência pelo talento, uma vez que na equação entram também as fintechs, insurtech, empresas tecnológicas, sem esquecer o mercado em geral.
É também verdade que a globalização e a flexibilidade, nomeadamente o trabalho remoto, que inicialmente poderiam indiciar um encurtamento da distância para atração do tão desejado talento, se revelaram menos eficazes do que seria de esperar inicialmente. Na verdade, a falta de envolvimento com as organizações, acentuado pela distância, acaba por dificultar ainda mais a atração do talento de qualidade no setor.
Na qualidade de prestadores de serviços, os bancos e instituições financeiras ganham ‘leverage’ face à sua concorrência, se tiverem a capacidade de promover mudança tecnológica, melhorar a cultura organizacional, promover a equidade e forem competitivos nas suas políticas de benefícios e remuneração, flexibilidade, diversidade e inclusão.
Sobretudo as gerações mais jovens valorizam cada vez mais ambientes de trabalho diversificados e equitativos. No que diz respeito à retenção de talento, é imperativa a aposta na formação e no desenvolvimento contínuo de profissionais, criando planos de carreiras, não só eficientes e sustentáveis, mas também complementados por sistemas de incentivos que reforcem o envolvimento dos colaboradores com o projeto e com a organização. Atualmente, falar em atrair os melhores profissionais é ainda indissociável do grande desafio para as instituições financeiras de reconquista da imagem de um setor dinâmico, credível e sofisticado, onde qualquer colaborador possa aprender e desenvolver as competências que o mercado reconhece.
Para complicar esta equação, a exigência do candidato acentuou-se, quase como se o processo de recrutamento estivesse invertido. Hoje, o empregador tem, necessariamente, de apresentar um projeto claro e apelativo, com um processo bem estruturado e uma comunicação transparente. Os candidatos avaliam, não só o desafio profissional, mas também a qualidade do processo de recrutamento, as pessoas envolvidas, a organização e os seus processos internos. Assim, o recrutamento tornou-se significativamente mais exigente: a missão deixa de ser apenas encontrar candidatos com as competências técnicas e comportamentais adequadas à função, mas também alinhar as suas motivações segundo um enquadramento previamente estipulado, que pode ser ajustado em função do perfil do candidato.
No setor financeiro em geral, tanto nos bancos como nas instituições financeiras de crédito, há uma clara aposta na inovação, materializada em soluções digitais e tecnológicas, bem como na competitividade, refletida no seu posicionamento de mercado, a par com a sua credibilidade, que diria ser um dos fatores mais relevantes. Estes elementos são indispensáveis quando procuramos promover e provocar diferenciação, com o objetivo de captar os melhores talentos.
O setor financeiro mantém-se como um pilar fundamental da economia e está suficientemente ativo para conseguir, no curto prazo, continuar a atrair e manter os melhores talentos, cruciais para a sua sustentabilidade futura.