Ilha Terceira, Região Autónoma dos Açores, Portugal, Oceano Atlântico
6 de Julho de 2025

Submarino nuclear USS Michigan (SSGN 727), da classe Ohio da Marinha dos Estados Unidos, acompanhado pelo NRP Setúbal (P363), Navio Patrulha Oceânico da Marinha Portuguesa, a 6 de Julho de 2025 ao largo do Porto da Praia da Vitória, Santa Cruz na Ilha Terceira, Região Autónoma dos Açores. O Porto da Praia da Vitória dista 3 000 metros da pista da Base Aérea N.º 4 nas Lajes. Na tarde de 5 de Julho de 2025 aterrava na BA4 uma aeronave Boeing E-6B Mercury (164410, C/n 24509, AE041C), da Marinha dos Estados Unidos e, na manhã de 6 de Julho de 2025, referenciado a operar com o callsign “CRISP77” entre as 12:37 UTC (junto à Ilha das Flores) e as 15:47 UTC (aterrando na Terceira após cerca 2 horas de voo de varrimento a Leste da Praia da Vitória). A entidade de gestão Porto dos Açores S.A., regista o USS Michigan no contexto (alargado) do Porto da Vitória pelas 15:00 UTC de 6 de Julho de 2025.

 

Decorreu aqui, na tarde de 6 de Julho de 2025, uma acção de reabastecimento de produtos alimentares hortícolas, com a participação de um meio naval civil e dois meios navais sob autoridade da Marinha Portuguesa, com o USS Michigan ao largo do Porto da Praia da Vitória. A operação de reabastecimento teve lugar numa janela de cerca de 3 horas (entre as 15:00 e as 18:00 UTC) e decorreu a 5 milhas náuticas do porto. Finda esta janela, o USS Michigan abandonou este ponto, seguido a sua missão.

Trata-se de um submarino afecto ao Teatro de Operações do Pacífico sob o COMSUBPAC (“COMmander SUBmarine Forces, U.S. PACific Fleet”), sediado na Base Naval de Kitsap em Bangor no Estado de Washington.

Foi referenciado a 2 de Novembro de 2024 na Base Naval de Guam e, a 19 de Dezembro de 2024, em Pearl Harbour, no Hawaii, onde, no contexto das missões desempenhadas nos 15 meses de operação de 9 de Outubro de 2022 a 16 de Janeiro de 2024, os militares do USS Michigan receberam um louvor, atribuído pelo “Secretary of The Navy”, Carlos Del Toro, realçando, explicitamente, por “terem completado 3 missões altamente bem sucedidas vitais à segurança nacional e várias operações especiais complexas” ao “operar em ambientes hostis e desafiadores” no “Pacífico Ocidental” e “envolvendo o emprego de veículos submarinos não tripulados” (sic).

O USS Michigan (número de amura 727) é um submarino nuclear da classe Ohio, ao serviço da Marinha dos Estados Unidos (“U.S. Navy”) desde 1982, desloca 18 750 toneladas, com um comprimento de 170 metros, uma boca de 13 metros e um calado de 12 metros. É propulsionado por um reactor nuclear S8G PWE que lhe permite uma velocidade máxima de 25 nós. Com uma guarnição de 155 elementos, está armado com 4 tubos de 533 mm (21 polegadas), que podem projectar torpedos e mísseis; e com 22 grupos de 7 mísseis de cruzeiro UGM-109E “Tomahawk”, num total máximo de 154 unidades (reduzido para 18 grupos, 126 unidades, aquando da presença do módulo DDS, “Dry Dock Shelter” para suporte a forças de operações especiais). A Marinha dos Estados Unidos detém actualmente 18 unidades da classe Ohio (4 SSGN, com mísseis de cruzeiro; e 14 SSBN, com mísseis balísticos), construídas entre 1976 e 1997.

O E-6 Mercury é uma aeronave de comando, controlo e comunicações estratégicas, baseada na plataforma Boeing 707-320, concebido para assegurar a ligação entre a cadeia de comando central e as forças nucleares estratégicas, crítico ao contexto de dissuasão nuclear, permitindo a transmissão de ordens de lançamento mesmo em caso de conflito generalizado. Integra o sistema TACAMO (“Take Charge and Move Out”), garantindo comunicações com submarinos de mísseis balísticos em imersão através de transmissões VLF (“Very Low Frequency”). Além disso, pode assumir funções de Posto de Comando Aerotransportado (ABNCP), substituindo centros de comando em terra. A Marinha dos EUA mantém actualmente 16 unidades do E-6 Mercury ao serviço, operadas pelo “Fleet Air Reconnaissance Squadron” VQ-3 (“Ironmen”) e VQ-4 (“Shadows”).

Ainda que o foco estratégico das missões dos E-6 seja o contexto de submarinos com mísseis balísticos (SSBN, “Ship, Submersible, Ballistic, Nuclear”), treinam e compreendem também o contexto de submarinos de mísseis de cruzeiro (SSGN, “Ship, Submersible, Guided, Nuclear”) como é o caso do USS Michigan (SSGN 727) – com o qual decorreu aqui uma operação conjunta.

Artigo publicado em parceria com “Espada & Escudo”