
As raparigas portuguesas com 18 anos consomem mais álcool e a aumentar o consumo de haxixe, ultrapassando os rapazes no primeiro comportamento e contrariando a tendência nacional de descida no segundo. A conclusão é do mais recente estudo do Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD), divulgado esta quarta-feira, 16 de julho, com base nos dados recolhidos durante o Dia da Defesa Nacional.
O levantamento nacional focado nos jovens de 18 anos evidencia que, embora continue a haver uma alta prevalência no consumo de álcool, o padrão de consumo mudou: 76,1% das raparigas afirmaram ter consumido bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses, superando os 72,5% dos rapazes no mesmo período.
O estudo traça ainda uma comparação entre os dados de 2015 e 2024, apontando para uma redução global do consumo de substâncias ilícitas, mas com um alerta preocupante: as raparigas consomem mais haxixe, apesar da tendência geral de descida.
Entre 2015 e 2024, o consumo total de drogas desceu de 23,6% para 20,8%, sendo o haxixe a substância mais consumida, cuja prevalência caiu de 22,6% para 19,6%. Contudo, entre as jovens do sexo feminino, essa descida não se verificou — pelo contrário, foi detetado um aumento no número de utilizadoras, levando o ICAD a destacar este dado como motivo de preocupação acrescida para a saúde pública.
O inquérito foi aplicado a todos os jovens que participaram no Dia da Defesa Nacional, evento obrigatório para os cidadãos portugueses ao atingirem a maioridade, o que dá ao estudo uma abrangência nacional e estatisticamente representativa desta faixa etária.
A inversão de padrões de consumo entre géneros — com as raparigas agora a liderarem o consumo de álcool e a aumentarem o uso de haxixe — levanta sérios desafios para as políticas públicas de prevenção e para o trabalho dos profissionais de saúde e das escolas.
O ICAD deverá agora analisar os dados em maior profundidade para ajustar as campanhas de sensibilização e reforçar a prevenção junto da população jovem, em especial do público feminino, que, até há poucos anos, apresentava valores significativamente inferiores aos dos rapazes nestes comportamentos de risco.