
Não é novidade para ninguém que atualmente as crianças passam uma significativa (e exagerada!!) parte do seu tempo por dia no telemóvel ou no tablet. Sou da opinião de que as tecnologias têm, sim, que fazer parte das brincadeiras dos jovens, contudo nunca poderá ser a única brincadeira ou onde eles passam a maior parte do tempo.
Basta vermos alguma criança, para facilmente a encontrarmos com um telemóvel na mão. Mas… será que os pais, ou os responsáveis pela criança, sabem o que ela pesquisa e ao que ela tem acesso quando está com esses equipamentos? Muito provavelmente não!
Pois, as minhas preocupações têm por base não apenas aquilo que me apercebo quando vejo os menores com os telemóveis, mas também devido às situações que acabam por me chegar nas consultas. Ao darmos um telemóvel para a mão de uma criança sem qualquer controlo e supervisão, estamos, assim, a dar-lhe praticamente a possibilidade de ver e ler tudo o que ela quiser, sobre qualquer tema.
Com esta facilidade de acesso, os menores têm então acesso a vários assuntos e conteúdos para os quais, na grande parte dos casos, não têm ainda uma capacidade de compreensão, podendo distorcer o seu entendimento dos mesmos.
Exemplos de conteúdos inapropriados a que as crianças podem ter acesso facilitado com os telemóveis:
- Pornografia: este conteúdo é apelativo uma vez que se trata de um mundo que acaba por ser ocultado dos menores. Então se deixa o seu filho com um telemóvel com acesso à Internet sem supervisão, este será muito provavelmente um tema que ele irá pesquisar.
- Facilidade de situações de Cyberbullying: Através dos chats do WhatsApp, por exemplo, muito usados para grupos de amigos e/ou de turma, são cada vez mais frequentes as situações de cyberbullying, ou seja, bullying através dos meios de comunicação digitais. Por facilitar a conversa, muitas vezes há colegas, ou até o próprio, que os usam para insultar, humilhar, denegrir ou ameaçar terceiros.
- Conteúdos obscuros que causam medo: Esta é também uma situação que acontece a várias crianças. Começam por revelar medos que antes não tinha, mostram dificuldades em adormecer e dormir a noite inteira, revelando a presença de pesadelos e sentindo-se mais seguros a dormirem com os pais. Em muitos casos, o acesso a conteúdos mais obscuros, como mortes, assassinatos, lendas, filmes de terror, etc, podem muito bem-estar na origem desta situação. Por ser algo que as crianças ainda não entendem como fazendo parte, em muitos casos, do imaginário, acabam por se deixar afetar pelos sentimentos e emoções negativos que esses mesmos conteúdos acarretam e provocam.
Estas e outras situações levam à necessidade de os pais estarem mais alerta, explorarem aquilo que os filhos têm acesso e também supervisionem e controlem esses mesmos conteúdos através de aplicações de controlo parental existentes nas lojas de apps para o efeito.
(*) Dra. Marisa Pinto, Psicóloga, nossa parceira Psieducare e Sócia da www.girohc.pt/