Joaquim Luís Costa opinião Vale do Sousa TV
Joaquim Luís Costa
Licenciado em Ciências Históricas, mestre e doutor em Ciência da Informação. Historiador.

Neste mês, comemora-se o 383.º Aniversário da Restauração da Independência Portuguesa, ocorrida no dia 1 de dezembro de 1640. Embora seja uma data distante, quase todos os dias passamos por monumentos que nos lembram esse dia.

O desaparecimento de D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, a 4 de agosto de 1578, sem deixar descendência, marcou o início de uma crise dinástica que terminou nas Cortes de Tomar, a 17 de abril de 1581, onde Filipe II de Espanha foi aclamado rei de Portugal, com o título de Filipe I, originando a formação da União Ibérica, em que os dois reinos teriam o mesmo soberano.

Embora os reis dessa dinastia (Filipe I, Filipe II e Filipe III) prometessem manter a equidade entre os dois reinos e jurassem respeitar as leis, usos e costumes portugueses – e em algumas áreas isso verificou-se, como, por exemplo, a nível viário, com a construção de pontes e estradas, e a nível religioso com o apoio à fundação e ao restauro de casas religiosas, como foi o caso da Igreja de São Gonçalo (Amarante) e do Mosteiro de Pombeiro (Felgueiras) que, após visitação ao edifício ordenada por Filipe I, em 1589, conduziu à reforma do mosteiro, com a construção das torres da fachada e à renovação do claustro e dormitórios – as crises económica e colonial e a miséria e marginalidade em que as classes sociais portuguesas viviam foram motivos suficientes para se criar um descontentamento generalizado e a vontade em acabar com essa “União”.

Animados pelo apoio de alguns reinos europeus, no qual se destacava a França, no dia 21 de novembro, no Palácio dos Duques de Bragança, em Lisboa, foi estabelecido o plano de ação e marcou-se o dia: seria ao início da manhã do dia 1 de dezembro.

No dia acordado, Os Conjurados – como ficaram conhecidos os setenta e um fidalgos e os trinta e seis nobres que lideraram a revolta, sendo um deles João Pinto Ribeiro, de Celorico de Basto – invadiram o Paço da Ribeira, mataram Miguel de Vasconcelos, que era o secretário da duquesa de Mântua (que estava encarregue de governar o nosso reino), e à janela proclamaram D. João, duque de Bragança, como rei. Parece que os espanhóis pouco resistiram. A fortaleza de São Julião da Barra foi a última a render-se no dia 12. Passados três dias, na Sé de Lisboa, o novo rei era coroado com o título de D. João IV. Dava-se início ao processo de Restauração da Independência que só terminou a 13 de fevereiro de 1668 com a assinatura do Tratado de Lisboa, onde Carlos II de Espanha reconheceu oficialmente a nossa independência.

O acabado de escrever parece distante e muitos portugueses pouco valorizam atualmente a efeméride. Todavia, muitos de nós, (quase) todos os dias, passamos por património que lembra essa data e uma outra relacionada também com a nossa independência em relação a Espanha. Estou a referir-me aos Cruzeiros da Independência que foram construídos em (e a partir de) 1940, para lembrar o Primeiro de Dezembro de 1640 e o ano de 1140, quando D. Afonso Henriques se intitulou como rei pela primeira vez. Estas datas estão gravadas na pedra ou em placas na estrutura, sendo fácil identificar esses Cruzeiros.

Como exemplo, no sítio eletrónico da Câmara Municipal de Paredes está disponível vídeo, intitulado Roteiro dos Cruzeiros da Independência no Concelho de Paredes, onde pode conhecer os cruzeiros construídos de raiz e outros que foram restaurados neste concelho para comemorar estas efemérides.

Para este tema, não aconselho nenhum livro em particular. Sugeria que procurassem conhecer o Cruzeiro da freguesia onde vivem, porque pode ser um dos construídos para lembrar 1640.