
O Ministério das Finanças, liderado por Joaquim Miranda Sarmento, avançou esta terça-feira com a decisão de solicitar uma auditoria à IGF sobre o processo de adjudicação do novo edifício do Banco de Portugal, previsto para os antigos terrenos da Feira Popular de Lisboa. A medida surge na sequência da divulgação de detalhes sobre o investimento que elevam a polémica em torno do negócio, e numa altura decisiva para o futuro da liderança da instituição.
Em comunicado, o Ministério sublinha que, “em virtude das notícias sobre o novo edifício do Banco de Portugal, divulgadas ontem e hoje, para defesa da Instituição e em total respeito pela sua independência, o Ministério das Finanças vai pedir a realização de uma auditoria pela Inspeção-Geral das Finanças”. O processo de contratação, negociado sob a liderança de Mário Centeno, envolveu o Grupo Fidelidade e a construtora espanhola San José, cuja escolha foi revelada pelo 24Horas.
A polémica estalou após o ‘Observador’ ter noticiado que o valor anunciado de 192 milhões de euros refere-se apenas à componente estrutural das obras, podendo o custo total do projeto superar os 235 milhões. Este montante levanta dúvidas quanto à transparência e ao rigor do processo, com o Ministério a reforçar o papel da IGF na fiscalização das entidades públicas. A IGF, órgão dependente do Ministério das Finanças, mas com autonomia administrativa, tem agora a missão de analisar todo o procedimento.
Este caso ganha maior relevância por acontecer numa semana crucial para o Banco de Portugal. O mandato de Mário Centeno terminou no domingo, sem indicação de sucessor por parte do Governo. O novo governador deverá ser conhecido na próxima quinta-feira, após reunião do Conselho de Ministros, aumentando a tensão e as expectativas em torno da instituição reguladora do sistema financeiro nacional.