
O candidato à presidência Luís Marques Mendes manifestou preocupações sobre uma eventual eleição de Henrique Gouveia e Melo, ex-chefe da Armada e agora rival na corrida a Belém.
Em uma entrevista ao podcast “Política com Assinatura”, da Antena 1, o antigo líder do PSD alertou para os riscos de um Presidente da República vindo de fora do espectro político e questionou a falta de posicionamento claro do almirante sobre várias questões relevantes para o país.
“À primeira vista, pode parecer sedutor ter um Presidente da República que não vem da política, mas pode ser um risco enorme e até um perigo para a democracia”, afirmou Marques Mendes, referindo que Gouveia e Melo tem se mostrado pouco claro sobre as suas posições políticas.
A ser questionado sobre se a candidatura de Gouveia Melo poderia vir a representar um risco de radicalização do cargo de Presidente da República, Marques Mendes evitou, a responder diretamente, argumentando que “é difícil uma pessoa responder a isso” ainda relatando que, que, até agora, “quase não conhecemos a posição de Gouveia e Melo sobre nenhum assunto”.
O ex-líder social-democrata ainda destacou que, quando o almirante se pronunciou sobre temas, fez-o de forma contraditória, chegando a dar duas opiniões diferentes sobre o mesmo assunto.
Marques Mendes sugeriu que Gouveia e Melo começasse a esclarecer as suas posições, nomeadamente em relação a um caso recente envolvendo a Armada, o candidato à presidência lembrou que o almirante não se pronunciou ainda sobre a “derrota” que sofreu em tribunal relacionada com o caso do navio NRP Mondego, onde, em 2023, a Marinha aplicou sanções a militares, que foram posteriormente anuladas pelo Supremo Tribunal Administrativo (STA).
Em abril de 2025, o STA declarou a ilicitude das sanções impostas a 11 militares do NRP Mondego, considerando que o processo disciplinar contava com “diversos vícios e falhas”.
O tribunal considerou que, na época, Gouveia e Melo, como Chefe do Estado-Maior da Armada, não agiu de acordo com os procedimentos legais, uma decisão que, para Marques Mendes, mereceria uma explicação pública.
A situação envolveu uma missão falhada do NRP Mondego em 2023, onde a tripulação recusou-se a cumprir uma missão de vigilância a um navio russo ao largo do Porto Santo, alegando falta de segurança, o navio viria a falhar uma nova missão pouco depois, o que gerou a polémica e levou à aplicação das sanções pela Marinha.
Enquanto a investigação judicial continua, o tema continua a gerar debate no cenário político nacional.
A candidatura de Gouveia e Melo, que ainda não havia esclarecido oficialmente muitos dos temas que preocupam a opinião pública, começa a ser vista com maior atenção à medida que se aproximam as eleições presidenciais de 2026.