
Maria Clara Silva presidiu à sua primeira reunião após a renúncia do anterior presidente, Nuno Canta. No mesmo dia, Emanuel Tiago Nunes Martins, o quarto eleito da lista do Partido Socialista (PS) nas últimas eleições, também apresentou a sua renúncia, alegando “questões de natureza profissional e pessoal”.
Emanuel Tiago Nunes Martins justificou a sua decisão com um comunicado oficial enviado à presidência: “A minha renúncia fundamenta-se em questões de natureza profissional e pessoal, que me impedem do exercício do mesmo e tem como enquadramento jurídico o regimento da Câmara Municipal e as disposições legais aplicáveis à renúncia do mandato.”
Durante a reunião, o vereador do PSD, João Afonso, expressou a sua profunda indignação com a atual situação da Câmara Municipal do Montijo. João Afonso criticou abertamente como a transição de poder foi gerida e questionou a legitimidade da nova presidente, Maria Clara Silva, sugerindo que a governabilidade da Câmara Municipal está comprometida. “A senhora presidente da Câmara também está aqui numa situação de alguma… Enfim, não é uma presidente da Câmara Municipal presente, está em regime mais ou menos de tempo parcial, e, portanto, a situação não é propriamente uma situação positiva para a Câmara Municipal e para o destino da Câmara Municipal”, declarou o vereador do PSD.
O social-democrata também sublinhou que, dada a proximidade das próximas eleições autárquicas, a Câmara do Montijo enfrenta uma crise de legitimidade política sem precedentes. “Estamos praticamente aqui a fazer uma solução de remédio, de solução de emergência, e não é mais do que isso, e vamos nos arrastar até ao final do mandato com esta solução de recurso”, criticou o vereador, que acredita que a atual situação fragiliza a Câmara Municipal de Montijo.
Em resposta às críticas de João Afonso, Maria Clara Silva mostrou estar à altura das críticas do vereador do PSD e defendeu firmemente a legalidade e legitimidade da sua posição e do executivo atual. “Oh, senhor vereador, eu sei como o senhor pensa, mas o que o senhor pensa não é o que diz a lei. E, portanto, a Câmara está constituída nos termos legais e estão cumpridos todos os preceitos legais”, afirmou Maria Clara Silva. A Edil enfatizou que a sua eleição foi legítima que a sua condição de saúde não interfere na sua capacidade de liderar: “Quero-lhe dizer que eu não estou a meio tempo em nada na vida que o senhor, para si, as pessoas com doenças crónicas, com algum tipo de deficiência devem ser para estar fechados numa sala e ninguém os ver. Não deve ser para trabalhar, nem para estarem ativos na vida”.
A nova presidente também destacou que outros presidentes de câmaras em Portugal já passaram por situações semelhantes sem a necessidade de novas eleições. “Como o Sr. presidente da Câmara de Mafra entendeu ir para o Parlamento Europeu e não houve eleições. Como o Sr. presidente da Câmara da Amadora entendeu também ir para o Parlamento Europeu e não houve eleições. E outros foram para o Parlamento Nacional, outros tantos aconteceram pelo país inteiro”, explicou a presidente.
A transição de liderança e as recentes renúncias lançaram Montijo num período de incerteza política para o vereador do PSD, mas a presidente acredita que o mandato que resta será cumprido com o rigor que sempre foi desígnio naquela autarquia.
A nova presidente, Maria Clara Silva, enfrenta agora o desafio de lidar com a oposição na Câmara Municipal e assegurar a governabilidade até as próximas eleições autárquicas de uma forma serena e sem contratempos. A comunidade local aguarda ansiosa para ver como o executivo irá gerir a continuidade dos caminhos políticos no Montijo e quais serão os próximos passos para garantir um futuro melhor para Montijo.