Meses após os devastadores incêndios que consumiram vastas áreas da freguesia de Valongo do Vouga, abrangendo localidades como Cadaveira, Gandra, Moutedo, Salgueiro e Redonda, a realidade no terreno mantém-se preocupante. Apesar da memória das chamas ainda estar viva entre as populações, as medidas de prevenção continuam a ser negligenciadas, agravando o risco de novas tragédias.

A falta de ação e a persistência de práticas irresponsáveis ameaçam não só o território, mas também a segurança de quem ali habita. Um dos exemplos mais evidentes desta negligência é a recente plantação encapuzada de eucaliptos à entrada da Redonda. Este tipo de plantação, que se tem vindo a tornar cada vez mais comum entre alguns proprietários, acontece sem qualquer preparação adequada do solo e ignorando normas básicas de segurança.

Embora os buracos para as novas árvores estejam bem localizados, não são respeitadas as distâncias mínimas de segurança em relação às aldeias e vias públicas. Além disso, não há qualquer movimentação prévia do terreno, aumentando ainda mais a vulnerabilidade da região. Esta falta de planeamento e de cumprimento das regras básicas de gestão florestal configura uma atitude irresponsável que coloca vidas em risco.

É compreensível que alguns proprietários tenham dificuldade em adaptar-se às novas exigências ou vejam os terrenos apenas como uma fonte de rendimento. No entanto, tal não pode justificar a negligência com que continuam a tratar estas áreas, ignorando o impacto das suas ações na segurança da comunidade. O lucro imediato não pode prevalecer sobre a vida das pessoas.

A legislação florestal foi criada não apenas para preservar a floresta, mas também para proteger as populações e as suas propriedades. É fundamental que as normas sejam aplicadas com rigor, sem exceções, garantindo que as distâncias de segurança sejam cumpridas e que a gestão florestal seja feita de forma responsável. Não pode valer tudo em nome de interesses privados quando está em causa a segurança de toda uma comunidade.

As autoridades devem atuar com firmeza para impedir que este ciclo de irresponsabilidade se perpetue. A mudança é urgente e inadiável. A segurança das populações deve ser a prioridade máxima, e isso só será possível com uma política florestal eficiente e sustentável.

A repetição dos erros do passado não pode continuar a ser tolerada. O momento de agir é agora.