A crise habitacional na Área Metropolitana de Lisboa atinge níveis alarmantes, com a presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, a descrever a situação como “um drama e uma tragédia” que exige medidas firmes a nível nacional. Durante uma reunião de câmara, a autarca revelou que o município enfrenta dificuldades crescentes em lidar com os despejos e o aumento da precariedade habitacional.

“Está a tornar-se muito difícil e complicado. Não é possível aos municípios cuidarem de toda a gente”, afirmou Inês de Medeiros, sublinhando que Almada já ativou os mecanismos de emergência da Segurança Social e o alojamento temporário. Ainda assim, a lista de espera de pessoas em situações dramáticas continua a crescer. “O problema ultrapassa todos os limites do que os municípios conseguem gerir”, reforçou.

Despejos e especulação imobiliária na mira

Joana Mortágua, vereadora do Bloco de Esquerda, também interveio, lamentando a falta de previsões e ações antecipadas por parte dos poderes públicos. Criticou tanto o PS quanto o PSD por rejeitarem medidas como o controlo de rendas e a proibição de despejos. “É preciso coragem política para resolver este problema”, defendeu a vereadora, apelando à união para reivindicar leis mais eficazes.

Bairro da Penajoia: Um exemplo do caos habitacional

A presidente da câmara destacou ainda a situação do bairro da Penajoia, onde mais de cem habitações precárias estão em terrenos do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). “O silêncio do IHRU é inaceitável. Este bairro continua a crescer, e o instituto nada faz para travar a situação”, denunciou.

Para Inês de Medeiros, o município tem tentado contínuo para combater a precariedade habitacional, mas a falta de resposta por parte do IHRU dificulta qualquer avanço. “Não nos cansaremos de denunciar esta pouca-vergonha e contamos com todos os que estão preocupados com a habitação para se juntarem a nós nesta luta”, apelou.

Com o aumento dos despejos e a ausência de soluções concretas, a crise habitacional em Almada reflete um problema nacional que exige ações rápidas e coordenadas para evitar o agravamento da tragédia social.