Palmela acolheu, entre 5 e 8 de junho, as III Jornadas Internacionais de Arqueologia, que juntaram 134 investigadoras e investigadores nacionais e internacionais. Durante o evento, realizado no Cine-Teatro S. João, foram apresentadas 53 comunicações e 16 posters, aprofundando o tema “Coisas de Deleite e Fruição – Arqueologia dos Prazeres”, ainda pouco explorado no campo arqueológico.

Organizadas pelo Município de Palmela, através do Museu Municipal, as Jornadas abordaram diversas vertentes do prazer, e respetivas formas de expressão. Como refere a organização, “o alcance do conceito de prazer é dilatado, e nele cabem tantas possibilidades quantos os modos que cada um tem de sentir”.

No programa lê-se: “Coisas que deleitam o ser humano são tão remotas quanto a sua existência. Artefactos, produções, criações, exibições, conduziram-no, ao longo dos tempos, para a incessante procura do contentamento”.

Partindo desse princípio, o programa foi construído “a partir de um universo deliberadamente restrito, compatível com as mais comuns perceções de fontes de deleite e fruição, que se expressam em materialidades: as artes, o jogo, os alimentos, a sensualidade, a escrita, o adorno, os detalhes de conforto e de requinte da habitação e do seu entorno”.

Essas ideias estiveram presentes nos vários painéis temáticos, que abordaram tópicos como ““Expressões de Prazer na Epigrafia”, “Deleites de Comer e Beber”, “Adornos Pessoais”, “O Habitat: Evidências de Ócio, Aparato e Belo”, “Expressões Artísticas em Cerâmica”, “Expressões Materiais de Volúpia”, “Expressões Artísticas Rupestres”, “Deleites da Natureza: Jardins e Hortas”, “Jogar e Brincar”, “Outros Prazeres” e “Representações de Música, Teatro e Dança”.

Além das comunicações científicas, o programa incluiu a apresentação do livro “A Arqueologia em Portugal entre o Final do Século XX e o Início do Século XXI (1970 – 2014)”, da arqueóloga Jacinta Bugalhão, editado pela Associação de Arqueólogos Portugueses. Houve ainda um concerto da Orquestra Barroca do Conservatório Regional de Palmela e uma Viagem de Estudo com visitas guiadas aos Banhos Islâmicos de Loulé e às Ruínas Romanas de Milreu.

Na sessão de abertura, o Presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Balseiro Amaro, destacou o papel do evento na promoção da investigação arqueológica: “A organização regular deste evento insere-se, precisamente, na estratégia de valorização da investigação arqueológica que se desenvolve no nosso território e no país, procurando estimular a produção de conhecimento científico nesta área e a sua divulgação junto de um público mais alargado”. O autarca acrescentou ainda o compromisso do município em publicar as atas das jornadas anteriores para “assegurar, para a posteridade, a divulgação da investigação desenvolvida e aqui apresentada”.

As representantes da Comissão Científica presentes também destacaram a importância das jornadas. “Estes encontros já estão solidificados na comunidade arqueológica e resultam em publicações extremamente relevantes”, afirmou a Professora Doutora Cleia Detry, da Universidade de Lisboa.

Para a Professora Doutora Leonor Rocha, da Universidade de Évora, a realização das jornadas em Palmela é exemplo de que o municipio reconhece “a importância da Arqueologia”. Estas Jornadas já entraram nos nossos calendários e queremos sempre participar de forma ativa”, declarou.