
Em 2023, o Papa Francisco conheceu duas artes alentejanas, a Arte Chocalheira e ainda as flores em papel, de Redondo.
Uma oportunidade que surgiu pelas mãos de Nuno Monteiro, promotor do Alentejo, onde se tentou «promover» a região, nomeadamente «as artes», disse o próprio a’ODigital.pt.
«Surgiu no seguimento do trabalho de promoção que eu vinha a desenvolver, quer o Cante Alentejano, quer a Arte Chocalheira, quer das flores de papel», acrescentou, dizendo que houve também um «convite» do Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.
O chefe da arquidiocese «entendeu que poderia ser uma oportunidade interessante levar estas artes a Sua Santidade», numa perspetiva de «dar uma visibilidade àquilo que são as nossas tradições»: «Foi uma forma mais solene».
A proposta foi, principalmente, «ligar as novas gerações a estas artes», que são classificadas como Património Cultural Imaterial pela UNESCO.
Nuno Monteiro confessou que pensa que o Santo Padre «recebeu estas artes de uma forma entusiástica», mesmo que não tenha consigo «explicar grande coisa, porque o tempo foi muito reduzido».
«O importante era o Santo Padre perceber que aquilo não eram oferendas só por oferecer, mas que lhe trazíamos um bocadinho de cada alentejano», acrescentou.
Destacou também que nada foi levado «por ser giro, ou engraçado», uma vez que «levámos algo que é muito nosso e que nos simbolizava a todos».
Ainda assim, com a morte do papa, o trajeto das artes alentejanas junto de pontífices, pode não ter acabado: «Temos intenção de, num futuro próximo, tentarmos uma nova oportunidade para levar outras artes».
Nuno Monteiro realçou que houve outra prenda para Sua Santidade, numa ótica mais «nacional»: Uma camisola do Benfica, autografada pelos argentinos Nicolás Otamendi e Enzo Fernández, ambos campeões do mundo em 2022.
Isto porque era conhecido o gosto de Jorge Mario Bergoglio pelo futebol e porque «eu ia acompanhado pelo meu filho e acabou por ser mais a oferenda dele», já que o promotor levou um chocalho grande para ser assinado pelo Papa, que irá ser exposto.
O promotor vincou que o encontro tem um sentimento que «quase não se consegue explicar» e que foi «talvez um dos melhores momentos das nossas vidas».
«Foi um momento marcante que jamais esquecerei, acompanhado por gente do Alentejo e, em especial, pela minha família», complementou.
Ainda assim, «foi um momento de nervos», mas que passou a uma «serenidade completa», que ainda hoje «me arrepio ao recordar».
O Papa foi uma pessoa que «conseguiu passar a sua palavra a todos, não só aos cristãos, mas a todos, com a humildade e proximidade dele» e «sentiu-se naquele momento».
Nuno Monteiro recordou ainda que, quando entregou a camisola, lembra-se de que Sua Santidade disse «’os meus argentinos’»: «Foi Sua Santidade a descer para tão perto de nós, falar sobre a camisola».
«Era uma mão que nos agarrava, não só fisicamente, mas no coração», concluiu o promotor.