
A Câmara Municipal de Arraiolos vai formalizar, até ao final de junho, a candidatura do saber-fazer do Tapete de Arraiolos a Património Cultural Imaterial da Humanidade, junto da Comissão Nacional da UNESCO. A informação foi confirmada ao Jornal ODigital.pt pela presidente da autarquia, Sílvia Pinto, no encerramento do certame «O Tapete está na Rua», que decorreu recentemente naquela vila alentejana.
A autarca adiantou que o processo está em fase final de preparação. «Temos o vídeo praticamente fechado, também as fichas que acompanham a candidatura. Pensamos que estamos em condições de entregar efetivamente durante este mês», afirmou. A entrega oficial será posteriormente assinalada de forma pública, com o objetivo de «dar conhecimento de que ela será feita».
A candidatura será avaliada em 2026, seguindo os prazos habituais da UNESCO. «As candidaturas só são avaliadas de ano a ano e, portanto, contamos que em 2026 seja possível que essa avaliação seja feita», explicou Sílvia Pinto.
Com mais de quatro séculos de história, os Tapetes de Arraiolos são uma referência incontornável do artesanato português. Bordados a lã sobre tela, utilizando a técnica tradicional do ponto cruzado oblíquo — conhecida como Bordado de Arraiolos — estes tapetes surgem referenciados já desde 1598. A prática tem sido transmitida entre gerações, sobretudo por mulheres da vila, e é precisamente este «saber-fazer» que a Câmara pretende ver reconhecido internacionalmente.
«Não é o tapete em si, é o saber-fazer do Tapete de Arraiolos que estamos a candidatar. E não há maior património do que esse. Quando deixarmos de ter quem o faça, acaba o Tapete de Arraiolos», alertou a presidente da Câmara, sublinhando a importância de valorizar as artesãs. «Há muita procura pelo Tapete de Arraiolos. O que temos são poucas pessoas que o vão fazendo. É importante valorizar as bordadeiras para que possamos ter continuidade nas gerações vindouras e que esta arte magnífica não acabe».
A candidatura resulta de um trabalho de investigação desenvolvido ao longo dos últimos três anos, envolvendo recolha documental, estudo histórico e análise da origem e evolução do tapete. «Fizemos um estudo intensivo em jornais e depósitos históricos, procurámos informações que fundamentassem a nossa candidatura. Foi um trabalho de casa demorado, mas que nos permite entregar uma candidatura sólida», referiu a autarca, acrescentando: «Temos factos, temos provas daquilo que dizemos. É uma candidatura com força».
Durante o certame «O Tapete está na Rua», a proposta de candidatura foi elogiada por diversas entidades, incluindo a vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo. «A candidatura foi reconhecida como muito bem estruturada e bem argumentada», sublinhou Sílvia Pinto, acrescentando que «o ponto forte está no saber-fazer das bordadeiras, mas também na fundamentação histórica».
O município deposita expectativas positivas no processo. «Pensamos que é uma boa candidatura e que a Comissão Nacional da UNESCO, quando a avaliar, vai considerar também o mesmo. Esperamos que essa designação venha para Arraiolos e que venha valorizar e reforçar este património que é tão nosso e tão conhecido, mas que precisa efetivamente desta valorização», concluiu.