Primeira reunião do GesTur-Be junta associações e entidades públicas em Lisboa para avaliar a realidade laboral do sector. Estudo avança com base no modelo da OMS e deverá apresentar os primeiros resultados em Novembro. A APENO faz parte deste contributo.
Foi dado um novo passo para transformar o ambiente de trabalho no sector do turismo. O GesTur-Be – Observatório de Gestão do Turismo e Bem-Estar das Pessoas – realizou recentemente a sua reunião de arranque, reunindo representantes de várias associações profissionais, entidades públicas e académicos com o objetivo de traçar um retrato fiável das condições laborais na hotelaria, restauração e restantes áreas do turismo em Portugal.
A iniciativa parte do LABPATS – Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis e baseia-se no modelo ‘Healthy Workplaces’ da Organização Mundial da Saúde. Em cima da mesa está a criação de uma plataforma colaborativa que permita diagnosticar, monitorizar e melhorar o bem-estar de quem trabalha num dos setores mais estratégicos da economia nacional.
«O nosso foco é claro: promover ambientes de trabalho mais saudáveis e, com isso, contribuir para a retenção e valorização dos profissionais», afirmou Tânia Gaspar, uma das coordenadoras do observatório. A responsável destacou ainda que o projeto irá analisar dimensões como a saúde mental, a cultura organizacional, os riscos psicossociais e as condições físicas e sociais do trabalho.
Com o envolvimento de organizações como a AHRESP, APAVT, APECATE, AGIC, ADHP, APENO e outras entidades do ecossistema turístico, o GesTur-Be pretende funcionar como uma ferramenta de apoio à decisão e à intervenção concreta nas empresas. Segundo a equipa, será elaborado um relatório nacional anual, e cada entidade interessada poderá receber uma avaliação personalizada, acompanhada de recomendações estratégicas.
Para Mafalda Patuleia, também coordenadora do projeto, os impactos vão além da gestão interna das empresas: «O desinteresse crescente dos jovens por carreiras no turismo é um sinal de alarme. Se não melhorarmos as condições de trabalho, estaremos a comprometer o futuro da própria formação nesta área».
Até Novembro, o GesTur-Be irá concentrar-se na recolha e análise de dados, prevendo-se que os primeiros resultados sejam apresentados ainda este ano. Mas este será, garantem os promotores, um processo contínuo. «Estamos conscientes dos desafios, desde a adaptação dos instrumentos de avaliação à realidade do setor até à disponibilidade das organizações para colaborar. Mas a adesão demonstrada na primeira reunião mostra que há vontade real de mudança», sublinhou Álvaro Lopes Dias, professor do ISCTE e membro da equipa do projeto.