"Do ponto de vista interno, espera-se um maior incremento da atividade económica para 2020, sendo expectável uma maior aceleração da taxa de crescimento do PIB, passível de rondar 3,5%, na sequência de execução do programa de investimento público financiado pelo Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, China Popular e outros parceiros estratégicos de São Tomé e Príncipe", disse Américo Barros.

O governador do BCSTP lamentou que, em 2019, o crescimento do PIB não tenha ultrapassado 1,5%, acreditando numa subida para o próximo ano em mais 2% devido à "evolução positiva do turismo e agricultura".

Num balanço do ano económico, o responsável do banco central considerou, no entanto, que este crescimento "constituiu uma desaceleração" justificada pelos setores das pescas e da construção, que não cresceram por causa da "redução do investimento público que manteve a trajetória descendente nos últimos três anos".

De acordo com Américo Barros, a inflação acumulada em novembro deste ano foi de 5,7%, contra 8,0% no igual período do ano anterior.

O governador do BCSTP espera em 2020 uma inflação a rondar os 6,6%, que considera "compatível com a contração da oferta monetária, em 5,2%, determinada, essencialmente, pela continuada queda dos ativos externos líquidos de 0,4% e uma expressiva contração de crédito líquido ao governo de 280%".

Relativamente às contas externas, Américo Barros sublinhou a "grande preocupação" da sua instituição, na medida em que as reservas internacionais liquidas "garantem apenas 1,6 meses de importação".

O governador do banco central salientou que, aliado a esse fator, estão a queda da exportação em 15%, a ascensão do país à categoria de desenvolvimento médio, "que acrescido a uma conjuntura internacional desfavorável reduziu drasticamente os apoios financeiros sob forma de donativos".

O responsável revelou que o défice da balança comercial do país registou uma redução de 4%, justificada pela diminuição da importação de bens em 5%.

No tocante ao sistema financeiro, Américo Barros ressaltou o rácio de solvabilidade em 30,9% e o de liquidez em 54,2%, muito acima dos mínimos exigidos.

O governador do BCSTP fez a compulsação dos dados dos setores reais e financeiros e conclui que "o país está perante um ambiente económico e financeiro digno de inquietação", caracterizado, entretanto, "por dificuldades que não são de modo algum insanáveis".

O responsável do banco central espera que o Estado prossiga com o princípio de honrar os seus compromissos internos em tempo oportuno, "o que ajudará a alavancar o tecido empresarial".

Américo Barros anunciou para o segundo semestre do próximo ano a entrada em vigor da nova série de notas de 200 dobras para "minimizar os constrangimentos relacionados com a retirada dessas notas em circulação".

Essas notas serão produzidas gratuitamente pela empresa De La Rue devido "às imprecisões e inconsistências detetadas" nestas notas.

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Lusa/fim