"É uma tragédia isto. Continuamos cheios de água, tenho montes de pessoas dentro da escola. Está tudo estragado, computadores, material, livros, tudo", disse à Lusa Acácio de Brito, diretor da Escola Portuguesa.
A ribeira de Bidau, junto à escola, transbordou, com a água a destruir o muro traseiro e a danificar as estruturas dos edifícios que são usados para as turmas do pré-escolar.
Vídeos de alunos da escola enviados à Lusa mostram os danos causados pela água que continua a correr com forte intensidade na ribeira.
José Pedro Machado Vieira, embaixador de Portugal em Díli, confirmou à Lusa que foram feitos já contactos com as autoridades timorenses no intuito de prestar auxílio no local, incluindo o envio de polícia.
"Foi-nos dito que ia ser enviada uma patrulha porque está gente a entrar na escola", disse.
Fonte da Proteção Civil confirmou à Lusa que uma unidade dos bombeiros está já a prestar auxílio no local e que a situação "está a melhorar".
A secção de segurança das Nações Unidas em Timor-Leste divulgou uma mensagem em que recomenda a todos os funcionários evitar cruzar as pontes de Becora, Maloa e Bidau, as principais passagens que ligam o centro à parte leste da cidade.
A Lusa recebeu vários telefonemas de vários pontos da cidade, particularmente na zona leste, com residentes a descreverem a situação dramática em que se encontram, com casas alagada e impossibilidade de se movimentar.
"Estou com a casa cheia de água. Temos água até à altura das camas", contou à Lusa Fernanda Correia, que vive na zona de Bidau.
Próximo, noutro ponto da ribeira, a água está a correr praticamente à altura da ponte de Maupelu, na zona de Culuhun.
A situação é igualmente complicada no Hospital Nacional Guido Valadares onde, que segundo informação do Jornal Independente, está sem luz -- houve cortes em vários pontos da cidade.
A construção desenfreada e desregulada, fraca manutenção das zonas de escoamento de águas e a construção de casas nas bermas das ribeiras e, em muitos casos abaixo da cota da estrada, agravam os problemas em caso de fortes chuvas.
Vídeos distribuídos mostram uma forte corrente na zona do mercado de Becora, com a água a destruir várias casas e quiosques.
Em Metiaut, na zona leste da cidade, parte da estrada está já completamente coberta de lama, com a água a arrastar terra da montanha.
Em Lahane Ocidental, casas construídas muito abaixo da cota da estrada, estão alagadas
Imagens mostram cheias no recinto do Palácio Presidencial, em parte do espaço da Universidade Nacional Timor Lorosa'e (UNTL), com muitas das ruas da cidade transformadas em rio.
"Muitos de nós estamos presos no trabalho sem poder ir a casa", escreveu Céu Brites, funcionária da Presidência da República, num dos vídeos que publicou no Facebook e que mostra a água no recinto do Palácio.
Vários carros estão presos na água e na lama, especialmente porque nos últimos anos proliferam carros mais pequenos que não conseguem atravessar a água.
Os problemas estão, em cadeia, a causar grandes engarrafamentos, com muita gente nos carros sem se conseguir movimentar há bastante tempo.
Praticamente toda a Avenida de Portugal, uma das principais avenidas da cidade, onde estão várias embaixadas e a delegação da Lusa, está com trânsito praticamente parado há uma hora, com água em vários pontos onde a estrada atravessa pequenas ribeiras.
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