Lere Anan Timur deixou hoje essa mensagem num encontro com o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, durante o qual considerou que a realização de novas eleições antecipadas não é a melhor solução.
"Apelo aos líderes históricos para que cheguem a um consenso. Um consenso que ultrapasse o atual impasse político", disse o comandante militar.
"Enquanto não houver consenso, podemos fazer tudo mas o impasse continua", disse aos jornalistas depois da reunião.
O líder das F-FDTL considerou que a realização de eleições antecipadas -- o país foi a votos em 2017 e novamente em 2018 -- "não é a solução ideal" já que o resultado não deverá dar maioria absoluta a qualquer partido.
"Por isso apelo a todos os líderes históricos, Xanana, Mari, Ramos-Horta, Lu-Olo e Taur Matan Ruak para que tentem em conjunto chegar a um consenso", disse.
Lere Anan Timur é um dos líderes nacionais que já confirmou a sua participação num encontro convocado para segunda-feira pelo Presidente da República com os principais líderes do país.
Lu-Olo convidou ainda para o encontro "líderes históricos e personalidades", nomeadamente os ex-Presidentes da República Xanana Gusmão e José Ramos-Horta, o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, o atual chefe de Governo, Taur Matan Ruak e o veterano Roque Rodrigues.
Fonte da Presidência da República confirmou à Lusa que todos menos Xanana Gusmão já confirmaram a sua participação.
Fonte do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) disse à Lusa que o líder do partido -- o maior da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a coligação do Governo -- chegou hoje a Díli e que deverá comunicar a sua decisão ao presidente até sábado.
Em comunicado sobre a convocatória do encontro -- que se segue a uma ronda de encontros com líderes partidários, juristas, religiosos e representantes da sociedade civil -- que está comprometido com o diálogo e em ouvir a opinião dos líderes e cidadãos nacionais para resolver a atual crise política e avançar no desenvolvimento nacional.
"O Presidente da República está comprometido a continuar a dialogar e a ouvir a opinião dos líderes e cidadãos para que juntos possamos pôr em prática uma política de desenvolvimento que garanta o bem-estar e a justiça social para o povo", refere-se num comunicado da Presidência.
"Para o bem do Povo e da Nação, o Presidente da República fará tudo o que estiver ao seu alcance", explica o comunicado assinado por Francisco Guterres Lu-Olo.
O chefe de Estado refere nesse comunicado ter convidado os principais líderes nacionais para em conjunto "analisar e identificar as possíveis opções mais adequadas tendo em conta a situação político-constitucional atual".
Depois disso "irá ouvir e ponderar as opiniões do seu órgão de consulta, o Conselho de Estado, antes de tomar qualquer decisão relacionada com a situação político-constitucional que a nação enfrenta neste momento".
Sem solução clara para a crise política e com o país a viver em regime de duodécimos desde o início do ano, nenhum dos dois maiores partidos timorenses, Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) esclareceram qual a solução que preferem.
Formalmente, o Governo liderado por Taur Matan Ruak continua em plenas funções, apesar de o primeiro-ministro ter afirmado que a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) "já não existe", algo que não foi ainda formalizado na direção da coligação.
Taur Matan Ruak instruiu o executivo para cumprir as funções com normalidade, não tendo sido ainda dado qualquer passo que marque, formalmente, o fim do VIII Governo saído das eleições antecipadas de 2018.
A crise política é consequência de dois anos de divergências políticas e de intransigência de posições que acabaram por condicionar a governação.
O passo mais recente na crise política ocorreu em janeiro com o chumbo da segunda proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, devido aos votos contra e abstenções dos deputados do CNRT, maior partido da coligação do Governo.
ASP // SB
Lusa/Fim