O Partido Progressista Democrático (DPP, na sigla em inglês), partido no poder e pró-independência, aprovou uma lei que proíbe quaisquer influências estrangeiras nas vésperas das eleições presidenciais.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

A alegada tentativa de Pequim de manipular a eleição tornou-se uma questão central na disputa entre a atual Presidente, Tsai Ing-wen, e o candidato do Partido Nacionalista (Kuomintang, KMT, oposição), Han Kuo-yu.

Especialistas em segurança do Governo de Taiwan disseram acreditar que o uso de páginas falsas na rede social Facebook e noutros sites diminuiu desde as eleições locais, em novembro de 2018, mas que Pequim está a recorrer a todas as formas para tentar influenciar a política da ilha.

O Facebook encerrou já cerca de 250 páginas de alegados apoiantes de Han Kuo-yu após a votação de 2018, depois de detetar endereços de IP baseados na China. A vitória de Han na segunda maior cidade da ilha, Kaohsiung, levou o político a candidatar-se às presidenciais pelo KMT.

Funcionários do DPP afirmaram que, em média, mil informações falsas, geradas por entidades chinesas, são publicadas ou partilhadas em Taiwan todos os dias.

"É difícil rastrear tudo por ocorrer diariamente. Tentamos analisar os dados e, quando detetamos informações falsas, nós, como governo e como partido no poder, temos a responsabilidade de informar as pessoas", argumentou o vice-diretor de assuntos internacionais do DPP, Chen Chih-wei.

Grupos da sociedade civil, líder locais, associações profissionais e académicas, sindicatos ou organizações religiosas construíram laços com colegas chineses do continente que às vezes são usados para promover a agenda política de Pequim e espalhar desinformação, defendeu o diretor interino para a cibersegurança, Jin-Deh Wu, no Instituto de Pesquisa Nacional de Defesa e Segurança de Taiwan, uma unidade de investigação não-partidária.

"Estes agentes locais estão por toda a parte na sociedade de Taiwan", indicou, citado pela agência Associated Press.

"Não é realmente algo de novo aqui: é um consenso que [o Partido Comunista Chinês] está a tentar interferir nas eleições, direta ou indiretamente", observou o investigador na Universidade Fulbright em Taiwan, Lev Nachman.

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