Segundo um comunicado das autoridades de Zhuhai, as novas diretrizes visam traçar um "roteiro" para a cidade se integrar no projeto apadrinhado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a Área da Grande Baía - uma metrópole e centro de inovação científica e tecnológica competitivo globalmente, construído a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades da província de Guangdong.
A mesma nota detalhou que o plano de atualização tecnológica de Zhuhai será realizado em conjunto com Macau e Hong Kong.
"Zhuhai promoverá ativamente a cooperação em inovação entre Zhuhai, Hong Kong e Macau, construirá uma plataforma internacional de cooperação e intercâmbio científico e tecnológico, e promoverá a inovação colaborativa na produção, ensino e pesquisa", indicou.
Devido à herança portuguesa e britânica, respetivamente, Macau e Hong Kong têm as suas próprias leis básicas e gozam de um alto grau de autonomia, incluindo ao nível dos poderes executivo, legislativo e judicial.
Uma das áreas chave neste plano é a Zona Piloto de Comércio Livre da localidade de Hengqin [Ilha da Montanha], que pertence à cidade de Zhuhai, e está já ligada ao território outrora administrado por Portugal, e hoje uma região semiautónoma chinesa e capital mundial do jogo, por um posto fronteiriço aberto 24 horas por dia e um túnel de acesso ao novo 'campus' da Universidade de Macau, cujo terreno foi arrendado por Zhuhai à região.
"Devido à sua localização única, o Governo central atribui grande importância a Hengqin", descreveu à agência Lusa, em novembro passado, o diretor do comité administrativo local, Yang Chuan, num ostentoso 'hall' de exposições, dedicado ao desenvolvimento da localidade, e equipado com painéis LED e ecrãs interativos.
"A nossa aposta não é a manufatura: queremos atrair indústrias de alta tecnologia, finanças, biofarmacêutica ou saúde", realçou Yang. "Os nossos maiores atrativos são o acesso ao enorme mercado da China [continental] e os canais e janelas de comunicação internacionais convenientes e únicos devido à proximidade a Macau e Hong Kong", disse.
Segundo o plano hoje anunciado, até 2025, Zhuhai quer estar "bem integrada" nos avanços tecnológicos da região, oferecendo incentivos a qualquer empresa com planos para modernização e desenvolvimento de novas tecnologias.
O plano estipula 20 políticas e medidas especificas, incluindo a disponibilização de fundos para apoiar as empresas locais: os principais projetos receberão subsídios até cinco milhões de yuan (650 mil euros) cada, por exemplo.
As despesas da cidade com pesquisa e desenvolvimento estão já fixadas em 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) local, enquanto o valor da produção no setor da alta tecnologia compõe 60% da produção industrial total.
No entanto, Zhuhai espera elevar a qualidade do setor: até 2025, o número de patentes produzidas por cada 10.000 habitantes deve fixar-se em 75 - em comparação, no principal 'hub' tecnológico da província, a cidade de Shenzhen, aquele rácio fixou-se nas 80 patentes, em 2017.
Até 2035, data em que a Grande Baía deve estar concluída, convertendo-se numa área de excelência a nível internacional, Zhuhai espera integrar o "dinâmico sistema de inovação regional", atingir um "alto grau de internacionalização da inovação", contar com "várias instituições de pesquisa científica de classe mundial e plataformas de inovação e empresas inovadoras, e produzir vários resultados com influência global".
Guangdong é a província chinesa que mais exporta e a primeira a beneficiar das reformas económicas adotadas pelo país no final dos anos 1970, integrando três das seis Zonas Económicas Especiais da China - Shenzhen, Shantou e Zhuhai.
O PIB da área que compõe a Grande Baía, cuja população é de cerca de 70 milhões de habitantes, aproxima-se dos 1,5 biliões de dólares (1,2 biliões de euros) - maior que as economias da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.
Pequim pretende transformar o modelo de crescimento da região, reforçando o consumo doméstico e serviços em detrimento das exportações e manufatura.
"O Governo quer usar a Área da Grande Baía para encurtar a lacuna [tecnológica] que a China tem com os Estados Unidos, Japão e outros países desenvolvidos", disse à agência Lusa Edmond Wu, professor de Economia na South China University of Technology, em Cantão, a capital de Guangdong.
"Existe nesta região uma cultura de inovação", explicou.
JPI // JMC
Lusa/Fim