"Apenas mediante uma cooperação honesta e mutuamente benéfica pode ser encontrada uma saída para a situação de crise que foi criada na economia mundial", disse Putin, na cimeira virtual entre os líderes do bloco de economias emergentes, que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS).

Putin atribuiu a crise económica mundial às "ações tolas e egoístas de certos Estados, que, usando mecanismos financeiros, passam para o mundo inteiro os custos dos seus próprios erros de política macroeconómica", numa alusão aos Estados Unidos e à União Europeia (UE).

"As complexidades e a natureza transnacional dos desafios e ameaças que a comunidade internacional enfrenta exigem a busca de respostas coletivas com a participação ativa do nosso grupo", afirmou.

O Presidente russo destacou que, ano após ano, aumenta o prestígio e a influência dos BRICS no cenário internacional, já que os membros do bloco "têm enorme poder político, económico, científico-tecnológico e humano".

Durante o Fórum Empresarial dos BRICS, na quarta-feira, o chefe de Estado russo afirmou que os cinco países representam, no conjunto, um mercado de mais de 3.000 milhões de pessoas e um quarto do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, 20% do comércio e cerca de 25% do investimento direto.

"Realmente temos todas as possibilidades de trabalhar juntos e de forma eficaz para garantir a estabilidade e a segurança internacionais", defendeu.

Putin expressou a sua convicção de que "hoje mais do que nunca" é necessária a liderança dos países do BRICS na elaboração de políticas que levem à formação de um "sistema multipolar de relações interestatais", sustentando que a Rússia está disposta a continuar a desenvolver ampla interação com todos os países dos BRICS.

A 14.ª cimeira dos principais países emergentes começou hoje em Pequim. A expansão do bloco, num período de crescente polarização nas relações internacionais, é um dos principais pontos da agenda.

O bloco BRICS ganhou expressão, pela primeira vez, em 2001, quando o economista Jim O'Neill, da Goldman Sachs, publicou um estudo intitulado "Building Better Global Economic BRIC", sobre as grandes economias emergentes.

O grupo reuniu-se pela primeira vez em 2009 e logo estabeleceu uma agenda focada na reforma da ordem internacional, visando maior protagonismo dos países emergentes em organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. O bloco passou a incluir a África do Sul no ano seguinte.

Segundo a visão de Pequim e Moscovo, a ascensão dos BRICS ilustra a emergência de "um mundo multipolar", expressão que concentra a persistente oposição dos dois países ao "hegemonismo" ocidental e em particular dos Estados Unidos.

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