"Timor-Leste enfrenta múltiplos desafios de capital humano. Sem uma ação transformadora urgente, as coisas podem piorar", referiu o Banco Mundial (BM), num relatório publicado hoje.

"Uma criança nascida hoje em Timor-Leste será apenas 45% tão produtiva como podia ser, em adulta, se tivesse beneficiado de educação completa e saúde completa. Este valor é inferior à média global (56%), à média da região leste da Ásia e do Pacífico (59%), e a média dos seus países de rendimento entre pares na região (50%)", refere o Banco Mundial.

No relatório semestral de análise da economia em Timor-Leste, com um foco especial na nova geração, o BM notou que apesar de alguns progressos nos últimos anos, continuam a evidenciar-se carências, especialmente educativas e de saúde.

"Sem uma população adequadamente saudável, educada e produtiva, a transição demográfica de Timor-Leste pode dar origem a condições social e economicamente desestabilizadoras", avisou.

A instituição apontou indicadores como as elevadas taxas de morbilidade e mortalidade precoce, com 5% das crianças a não sobreviver além dos 05 anos, má nutrição infantil e maus resultados de aprendizagem devido aos baixos níveis de prestação de serviços educativos de qualidade.

"A má nutrição durante a infância resulta na redução da realização educacional, na perda de rendimento a longo prazo e no aumento do risco de doenças não transmissíveis na idade adulta", considerou.

O BM lembrou que o maior potencial do país, o capital demográfico jovem, é afetado pela situação financeira, pelo impacto da pandemia da covid-19 e por outros problemas estruturais, que "exigem medidas urgentes para reforçar o capital humano".

Para poder capitalizar nesta enorme oportunidade, "Timor-Leste terá de melhorar a eficiência, equidade e sustentabilidade dos seus investimentos em capital humano", explicou.

E, nesse contexto, são necessários "investimentos destinados a reduzir a desnutrição em crianças pequenas para melhorar a saúde e a produtividade da população de Timor-Leste a longo prazo" e "esforços renovados para fazer face à crise da aprendizagem".

Apesar do aumento do número de instituições de ensino, "os resultados de aprendizagem são deficientes e díspares", com uma elevada taxa de chumbos, o que exige "uma aposta na qualidade das despesas de educação, incluindo a melhoria da capacidade dos professores".

O BM notou, porém, que num contexto da necessidade de "colocar a posição orçamental numa base sustentável", a população timorense "terá agora de ser, mais do que nunca, o impulsionador do crescimento do rendimento do país".

A longo prazo, os investimentos em capital humano são essenciais para o crescimento sustentado a longo prazo do país, contribuindo para o crescimento económico e a redução da pobreza, melhorando a coesão social e a equidade e fortalecendo a confiança das pessoas nas instituições, acrescentou.

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