"O Governo está fortemente engajado na integração regional", garantiu o chefe do Governo, na cidade da Praia, durante a apresentação de um estudo sobre o atendimento das especificidades de Cabo Verde na CEDEAO, enquanto pequeno Estado insular, encomendado pelo Ministério da Integração Regional.

Para Ulisses Correia e Silva, esse empenho tem sido demonstrado, por exemplo, com a criação do cargo de ministro da Integração Regional, participação ativa nas várias instâncias da comunidade e abertura da embaixada junto da CEDEAO, em Abuja, na Nigéria.

"Pela primeira vez, Cabo Verde empenha-se seriamente em fazer valer as especificidades do país no quadro da integração na CEDEAO", sublinhou o primeiro-ministro, lembrando que Cabo Verde é o único Estado insular da organização regional.

Para Correia e Silva, as características insulares do país têm impacto a nível da infraestruturação, das conectividades e circulação de pessoas e bens, da moeda e do comércio.

"Questões como a taxa comunitária e os seus parâmetros de cálculo, a tarifa exterior comum, a moeda única, a livre circulação de pessoas e bens e os critérios para seleção e financiamento de infraestruturas de desenvolvimento devem ter em conta as especificidades de Cabo Verde", pediu.

Neste sentido, Ulisses Correia e Silva considerou que a apresentação do estudo é "um grande momento para Cabo Verde", considerando que a integração regional é um tema de grande relevância para a política externa do arquipélago.

"Este estudo demonstra as especificidades de Cabo Verde que devem ser atendidas na integração na CEDEAO e funcionarem como quadro orientador para as negociações com a comunidade", mostrou.

O chefe do Governo pretende uma "integração inclusiva", que salvaguarde os interesses do país, que, garantiu, assume a sua participação na região enquanto membro de pleno direito da União Africana e da CEDEAO.

Correia e Silva disse que existem oportunidades ao nível do acordo de livre comércio e de transportes aéreo africanos, mas entendeu que só serão concretizadas através de uma integração regional que posicione a CEDEAO, com vantagens, para transformá-las em mais atividade económica, mais criação de riqueza e de emprego.

"Devemos mudar a nossa postura em relação à sub-região e tirar o maior proveito da pertença à mesa", recomendou o PM, pedindo que o estudo seja socializado com a sociedade cabo-verdiana, que, considerou, precisa conhecer mais a CEDEAO e os países africanos.

"Assim como esses países e a própria CEDEAO precisam conhecer mais Cabo Verde", terminou o primeiro-ministro, para quem o estudo é um grande instrumento para o país concretizar a sua integração na sub-região africana.

Entre vários outros pontos, o estudo recomendou a revisão dos produtos isentos da taxa comunitária na organização, adoção paulatina entre 5 a 8 anos da tarifa externa comum e considerou que o setor empresarial é "essencial" para a integração do país na região.

Relativamente à moeda única da organização regional, a pesquisa concluiu que, por enquanto, Cabo Verde pode prescindir da sua integração, apontando incertezas quanto à funcionalidade e eficácia e garantindo que a paridade fixa com o euro funciona bem. 

A CEDEAO foi criada em 1975 e agrupa 15 países da Costa Ocidental de África, incluindo os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau, e totaliza mais de 300 milhões de habitantes.

 

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