Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, sobre as notícias que dão conta da subida do preço do milho de segunda (destinado à produção de ração animal), o secretário de Estado para a Economia Agrária, Miguel Ângelo da Moura, começou por sublinhar que este produto nunca foi objeto de qualquer tipo de regulação por parte do Estado de Cabo Verde.

Por essa razão, avançou que o seu preço médio nos consumidores resulta das interações entre as forças de oferta e da procura (disponibilidade, taxas de câmbio, transportes e seguros).

Entretanto, notou que o milho a granel tem sofrido importantes oscilações a nível internacional, na ordem de 24%, com tendência sempre em alta, desde o início da pandemia da covid-19, que se acentuaram a partir de outubro de 2020.

E o reflexo das oscilações dos preços nos principais mercados internacionais, disse, teve reflexo em Cabo Verde, associados aos custos de outros fatores, como o frete internacional, o câmbio do dólar, estivas nos portos do país, armazenamento, entre outros.

A título de exemplo, Miguel da Moura referiu que no primeiro trimestre de 2021 o preço médio do milho grossista no mercado cabo-verdiano registou o valor mais elevado até à presente data, de 1.855 escudos (17 euros) por cada saco de 50 quilogramas, sendo o valor mais elevado registado na ilha do Fogo, acima de 1.945 escudos (17,6 euros).

E durante todo o ano de 2021, o membro do Governo avançou que o preço médio se situou em 1.515 escudos (13,7 euros) por saco de 50 quilos, representando um aumento de cerca de 32%, em relação ao preço praticado em 2020.

"Os impactos na produção de ração animal só não foram mais gravosos graças às medidas do Governo para mitigar seis efeitos no setor da pecuária", sublinhou Miguel da Moura, lembrando que a manutenção das medidas de subsidiação acarreta "elevados custos" para o Estado e, em última instância, para os contribuintes.

"Acrescidos aos riscos de deformação do mercado pela via da especulação dos preços", completou o governante, referindo que o estoque do milho é assegurado por empresas privadas, estando a reposição prevista para domingo, com 5.000 toneladas provenientes da Argentina, dos quais 3.000 toneladas estão destinadas aos silos da Praia, em Santiago, e os restantes aos do Mindelo, na ilha de São Vicente.

"Prevê-se uma gradual retoma do abastecimento normal do milho no mercado até à próxima importação a ser efetuada pelas empresas CIC e Umpranimal, agendada para o próximo mês de fevereiro", informou a mesma fonte.

O secretário de Estado recordou que o Governo tem vindo a apoiar o setor, com medidas extraordinárias de mitigação, quer pelos efeitos da pandemia, quer pelos resultados do mau ano agrícola, mas sublinhou que a pecuária é uma atividade económica eminentemente privada.

Neste sentido, aconselhou os criadores de gado a ajustar os seus processos produtivos em função da matéria-prima, à semelhança dos fabricantes de outros produtos, e a incorporar as oscilações e/ou subidas dos custos de fatores de produção, deixando espaço para a autorregulação.

O secretário de Estado garantiu que não haverá fim da pecuária em Cabo Verde, particularmente na ilha do Fogo, dizendo que a resiliência tem sido o mote sempre que há oscilações de mercados.

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