O chefe de Estado cabo-verdiano fez a afirmação no seu discurso proferido por ocasião da semana inaugural da Universidade Técnica do Atlântico (UTA), na ilha de São Vicente, considerando que esta nova instituição do ensino superior do país responderá às necessidades da economia marítima/azul, no domínio da formação de quadros superiores e técnico-profissionais para o país, a sub-região e os Países Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

"Neste quadro, será de uma grande importância a promoção da pesquisa aplicada com vista à materialização das estratégias de desenvolvimento e internacionalização da economia marítima e ao incremento da competitividade e da produtividade das empresas que operam no setor", disse Jorge Carlos Fonseca.

Para o Presidente, a Zona Económica Especial (ZEE), tendo a economia marítima como um dos pilares, será mais facilmente bem-sucedida se a aquacultura for integrada no seu Plano Estratégico, não só como alternativa de rendimento para as famílias, mas também como um "setor vital" para a sua afirmação enquanto espaço económico dinâmico e vitalizador da economia nacional.  

"Como se sabe, a aquacultura é uma atividade pouco explorada em Cabo Verde pelo que será, provavelmente, necessário o concurso da assistência técnica internacional para a elaboração de projetos que promovam a aquacultura no nosso país", salientou.

No domingo, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou que a empresa norueguesa Nortuna prevê instalar uma unidade de produção em larga escala de atum em aquacultura na ilha de São Vicente, criando mais de 400 empregos.

Jorge Carlos Fonseca destacou a importância do intercâmbio universitário, salientando que isso implica uma "estreita colaboração com instituições nacionais", universitárias ou não, que laboram na mesma esfera ou áreas afins.

"Por isso, o propósito de estabelecer relações muito estreitas com instituições como o IMAR, o GEOMAR, o Instituto Nacional da Meteorologia e Geofísica, o Laboratório de Engenharia Civil, com as empresas, é bastante positivo", mostrou o mais alto magistrado da Nação cabo-verdiana.

Jorge Carlos Fonseca salientou a importância da investigação científica na exploração dos recursos marinhos do país e considerou ser essencial elevar o nível de conhecimento sobre o ecossistema marinho e adequar a agricultura e demais atividades económicas aos requisitos ambientais estabelecidos com vista à viabilização de uma economia marítima possante.

"De outra forma, ficaria comprometida a realização de objetivos previstos para o desenvolvimento económico porquanto a própria atividade turística, uma componente importante da economia azul para um país como Cabo Verde, recomenda, pela sua natureza, investimentos na economia verde como requisito para o sucesso do plano de ação para o desenvolvimento da economia azul", disse.

O Presidente da República de Cabo Verde considerou "inteligente e sábia" a iniciativa da Universidade Técnica do Atlântico de incorporar a agricultura na sua estratégia de promoção da economia marítima, ressalvando que existe uma interdependência da economia azul com a economia verde.

Fonseca disse ainda acreditar que a inauguração da Universidade Técnica do Atlântico representa um "aprofundamento no sistema de ensino superior de Cabo Verde", na sua especialização e universalização, oferecendo uma educação que se deseja de qualidade, acessível a todos.

"Espera-se de uma universidade técnica que ela procure estabelecer o diálogo com a sociedade, partilhando os resultados obtidos, nos seus trabalhos, para um fim comum: um projeto de cidadania e de desenvolvimento harmonioso", apelou.

 

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