Taur Matan Ruak, que falava no Parlamento Nacional, durante o debate sobre a renovação do estado de emergência por causa da pandemia de covid-19, disse que, por essa razão, o Governo está a instalar mais oito postos de controlo fronteiriço, tanto na fronteira principal da ilha como no enclave de Oecusse.

A natureza da vida das populações transfronteiriças -- onde é "normal" atravessar a fronteira devido a relações económicas e familiares -- tornam o desafio "mais complicado" para o Governo, explicou.

"É impossível evitar totalmente as passagens, mas estamos a trabalhar para consolidar o controlo das fronteiras", afirmou.

"Numa situação como esta temos de tomar medidas que correspondam ao nível de risco. Temos de tomar medidas drásticas. A situação da covid-19 é um desafio para todos, nenhum país do mundo estava preparado e Timor não é exceção", disse.

O chefe do Governo falava numa sessão extraordinária do plenário do Parlamento Nacional que está a debater o pedido de autorização do Presidente da República para decretar o quinto período de 30 dias de estado de emergência, medida que defendeu, dada a proliferação de casos nos países vizinhos e para minimizar o risco de contágio.

Transversal ao debate esteve a preocupação dos deputados, tanto da oposição como do Governo, relativamente à baixa execução do Fundo Covid-19, criado pelo Governo para responder à pandemia.

O Fundo Covid-19 teve já duas injeções de dinheiro, autorizadas pelo Parlamento Nacional com urgência (a pedido do executivo), com um valor total de 220 milhões de dólares (cerca de 186 milhões de euros)

Até ao dia de hoje e desde a sua criação em abril, o Governo apenas executou 56,8% desse valor, segundo os dados atualizados no Portal da Transparência, gerido pelo Ministério das Finanças.

Roberto da Silva, vice-presidente do parlamento e deputado do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) -- um dos três no executivo --, pediu a atenção máxima do Governo para esta questão, notando que a população timorense "está a sofrer muito com os efeitos da pandemia".

"O parlamento autorizou Governo a executar, por que é que o Governo não executa? Por que é que a execução é tão pouca?", questionou.

"O Governo tem de responder às necessidades básicas do povo. Tem de executar 100%", acrescentou.

Ponto ecoado por Fernanda Lay, do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), na oposição, que criticou o facto do Governo não partilhar regularmente informação sobre os gastos com a pandemia.

Lay criticou ainda a baixa execução do fundo, "apesar do pedido de urgência" feito pelo Governo.

Taur Matan Ruak admitiu as dificuldades do Governo, considerando que o trabalho do executivo "não faz sentido se não consegue resolver os problemas que afetam o país e o povo".

"Estamos a fazer esforços para melhorar as coisas nas nossas instituições", disse.

O novo período de 30 dias de estado de emergência começa a 05 de setembro.

Timor-Leste tem atualmente dois casos ativos de covid-19, com 25 pacientes recuperados desde o início da pandemia.

A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já fez pelo menos 857.824 mortos e infetou mais de 25,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

 

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